segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Aniversário

Este fim de semana bombardeei o meu organismo com hormonas felizes.
Cancro, toma lá destas para ver se gostas!

 Em primeiro lugar, a devida explicação para receber parabéns em dois dias diferentes. Corria o belo ano de 1980, ano de boa colheita, e nascia a minha pessoa lá em Viadal, uma das aldeias da Serra da Freita, Vale de Cambra. Nasci em casa, como já tinha acontecido com o irmão mais velho. Apenas o mais novo teve o direito a nascer no hospital. Por lá, era ainda normal que os partos fossem feitos assim.

Reza a "lenda" que, já mais tarde, quando o meu pai me foi registar, não se terá propriamente lembrado da data com exatidão, portanto apontou para meados do mês. Resumindo, nasci a 16, mas legalmente nasci a 15. A maior parte das pessoas que me conhece já ouviu esta história. Contei-a imensas vezes para evitar que me dessem os parabéns duas vezes, mas desisti. Agora recebo a 15 e a 16, porque independentemente da data, conta a intenção. É tipo casamento cigano, uma festa que perdura.

Dada a explicação, eis que sou presenteada no sábado, pela manhã, com um arranjo de 34 rosas logo pela manhã, com  a participação de 143 pessoas (e alguns animais)...sim 143. A iniciativa foi de uma pessoa que entrou nas nossas vidas quando eu já estava grávida da Rita e aqui permanece. Por algum motivo será, certo?

A D. Alda organizou esta conspiração e conseguiu angariar esta gente toda com a ajuda de outros conspiradores. Claro que eu, a rapariga forte, fiquei meia aparvalhada e com alguns problemas de humidade nos olhos. Deve ser alergia às flores, claro. Que todo o bem que ela me deseja se converta em felicidade e paz de espírito para ela e seus filhos.

Não há palavras para agradecer o gesto, em primeiro lugar o da D. Alda e depois o de todos os que participaram, mesmo eu não conhecendo algumas das pessoas, nem nunca ter privado com elas. Desde família direta, a amigos, primos e padrinho no estrangeiro, colegas de trabalho da UA, é um mar de gente naquela lista. Fiquei babada com tanto carinho disperso :)

Foi um gesto muito bonito, que me fez pensar, mais uma vez, nas coisas boas que um cancro nos pode trazer. Falar em lado positivo de uma doença destas pode parecer de loucos, mas loucura à parte, o cancro trouxe-me muita coisa boa e só espero que viva anos suficientes para poder retribuir toda a amizade, carinho e amor que tenho recebido ao longo deste ano.

Fiz hoje questão de responder a mais de 200 mensagens de parabéns no Facebook, porque se todos perderam um bocadinho de tempo a desejarem-me os parabéns, então também tenho de fazer o mesmo. Obrigada a todos.

Como eu costumo dizer, o cabrão é forte, mas eu não estou sozinha nesta luta.
Sou forte e somos muitos a lutar, por isso "keep on fighting".

Bjinho e obrigada




PS...Amanhã novo Herceptin. Aguenta coração...já faltam só 6 meses desta droga!


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