A minha vida enquanto sobrevivente oncológico recente é vivida com a intensidade possível, com a noção do dever e do poder nas medidas certas, com a certeza que o mais importante da minha vida é a minha família e tudo o que a eles diz respeito.
A minha vida enquanto sobrevivente oncológico recente também tem os chamados "cagaços". Nas últimas 3 semanas comecei a notar algo diferente no peito.... Há 2 semanas, depois daqueles dias a tentar convencer-me que estava a sentir coisas, acabei por ir fazer uma ecografia e uma mamografia. Não vale a pena ignorar o que se consegue apalpar :)
Algo me dizia que não era "mau", mas mesmo assim, fora de normal. O medo que algo volte e nos leve desta vida é forte e será sempre um companheiro a respeitar. Ter medo faz-me viver mais e melhor, faz-me viver as coisas com outra visão. Faz-me sair a horas do trabalho para ir buscar a minha filha à escola, faz-me ter prazer em acompanhá-la nas 1001 atividades, faz-me entender melhor as prioridades no dia-a-dia.
O cagaço tomou a forma de pequenos caroços/ massas, que começaram a surgir nas zonas "trabalhadas" na cirurgia de fevereiro. Realmente, esta cirurgia ainda não tinha dado chatices, a pele aguentou-se bem com novos cortes e as marcas destas últimas lipoaspirações desapareceram depressa. Vieram agora as chatices. Os exames mostraram pequenas bolsas de gordura, tipo quistos, que se formaram nos locais onde se fizeram os enxertos de gordura, que possivelmente contém tecido necrótico....basicamente gordura que não foi devidamente absorvida/integrada e o corpo encapsula-a como medida de defesa. O meu cirurgião plástico deu-me o nome médico para isto, mas já nem consegui absorver essa informação. Chamem-lhe o que quiser, menos cancro!
Vamos agora acompanhar isto, se continuar a crescer, poderá ter de ser "aspirado" ou qualquer coisa que me soou a "ouch", mas quero acreditar que o meu organismo se vai livrar disto. Acho que depois de o cirurgião me ter visto na sexta-feira, isto até começou a "desinchar"...ou isso, ou foi mesmo o cagaço que se começou a desvanecer...
Bjinho,
Vera