segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A Ana

Dizem que devemos retribuir os gestos de carinho e amizade na mesma moeda, contribuindo para um suposto equilíbrio no universo.

Aqui há uns largos meses atrás, penso que em outubro de 2013, a minha amiga Ana Carina soube que eu estava sozinha na Cliria a fazer uma biópsia incisional (ainda me dói só de me lembra e desta consigo lembrar-me bem) e largou marido e filhas para vir ter comigo. Não me deixou conduzir, levou-me à farmácia e depois trouxe-me a casa. Teve essa preocupação e carinho comigo e nunca me esquecerei disso.

Hoje foi a minha vez. Não a ela, mas sim a uma outra Ana. Uma menina de 21 anos a quem o cancro bateu à porta. Coitado…nem sabe com quem se meteu. Bateu à porta, não há nada a fazer a não ser dar-lhe luta. O cancro já lhe tirou “peças” e vai tentar meter-se com o cabelo estiloso dela quando começar a quimioterapia, vai tentar provocar-lhe enjoos e cansaço. Vai tentar pô-la triste e com medo.

Tentar, Ana, ele vai tentar.
Mas eu duvido que consiga arrancar-te o sorriso dessa carinha laroca de uma menina de 21 anos. Duvido que consiga retirar-te o espírito rebelde e refilão próprio da idade. Duvido que te deixes ir abaixo. Duvido que a tua mãe e irmãos te deixem ir abaixo.

É para derrotar o bicho, e nesta luta somos muitos a teu lado.


Bjinho

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