Há por aí quem diga que eu lhe tomei o gosto....andar sempre em médicos, em revisões, em constante sobressalto. Sempre fui de ideias firmes, lá está!
Faço, de facto, revisões muito rotineiras e pouco espaçadas no tempo, porque o cancro inflamatório da mama não é propriamente a coisa mais simpática do mundo e para ter paz de espírito, preciso de seguir esta rotina.
Por vezes, no caminho para o consultório médico, cruzam-se pensamentos otimistas e pessimistas ao mesmo tempo, entremeados por algumas piadas que se vai ouvindo da rádio, no meu caso das manhãs da Comercial. O sobressalto e o medo levam-me muitas vezes a caminhos do pensamento menos simpáticos. Quem já apanhou o verdadeiro "cagaço", sabe do que falo. Os outros imaginam, ou tentam, ou ignoram pessoas como eu, porque lhes lembramos que são mortais.
Pois bem, hoje fui a mais uma revisão, desta vez da cirurgia plástica. 6 meses depois do primeiro corte e costura, tenho carta verde para a segunda intervenção, que vai acontecer em breve. Sempre disse que estas questões não me perturbavam como a oncologia, mas hoje senti um estranho "aperto" antes de entrar para a consulta do Dr. Conde. Parecia que ia prestar provas públicas de alguma coisa....e afinal, era o membro que estava a ser avaliado, e não eu:)
Passou, mas não atingiu a nota máxima. Como se esforçou pouco na altura do hematoma e por não ter exigido mais da pele queimada pela radioterapia (denote-se ironia da minha parte), vamos de a trabalhar mais um pouco nesta segunda intervenção, se bem que a maior parte do trabalho do cirurgião será dedicado à simetrização. Desta vez, a cicatriz vai ser em forma de âncora, até porque já estou sem espaço para grandes retas:)
Bota mais uma estadia no hotel:)
Bjinho
vera
Um cancro de mama diagnosticado aos 33 anos. Não procuro ser mais do que um exemplo de luta, mais uma "Maria" a encarar olhos nos olhos esta doença. Não sou a primeira, gostaria muito de ser a última mulher com esta doença. Infelizmente, não serei. Mas serei mais uma a dar armas às "Marias" que se virem confrontadas com este desencontro da vida.
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
sexta-feira, 8 de setembro de 2017
Dia do fisioterapeuta
Parece que agora há dias para tudo e mais um par de botas atualmente.
Dia do João, do Pedro, da Maria e do Manuel....e hoje é dia do fisioterapeuta, segundo consta.
Pois, parece que vou ter de elogiar a minha fisioterapeuta, senão ela depois vinga-se de mim e acreditem...com pequenos gestos que me pareciam inofensivos há uns tempos, apetece-me berrar em certas alturas, ou simplesmente bater-lhe com o braço que está livre, mas...tenho mesmo de me controlar para evitar ofensas corporais à terapeuta.
Vou tendo sempre sorte com as pessoas que encontro nesta aventura do cancro (exceptuando a equipa médica do hospital onde me tentei tratar inicialmente). E com a fisioterapia também tive essa sorte. Pessoas que aliam a capacidade técnica à boa vontade, à simpatia e à amizade com os pacientes.
A Stela, logo após a mastectomia e radioterapia, que tinha imenso cuidado comigo para não rasgar ainda mais a pele e me fazia sempre ficar bem disposta com o seu bom humor e capacidade de ver o copo sempre meio-cheio (e não meio-vazio). Ainda hoje a Rita me fala da massagem que a Stela lhe ensinou a fazer às mãos da mamã.
Mais recente, a Mónica tem ajudado a libertar movimentos, tecidos e outras coisas estranhas derivadas da reconstrução mamária. O fisioterapeuta desempenha um papel fundamental nestes processos, e ainda que fisicamente às vezes, ela me leve a querer espancá-la, a verdade é que a evolução sente-se de forma contínua e é com esse foco que a visito 3x por semana. Por isso, e pelos seus lindos olhos :)
Obrigado a ambas, porque de facto não é preciso ser só bom tecnicamente. É preciso saber cuidar e ser boa pessoa para o paciente se sentir seguro convosco.
Beijinho,
Vera
Dia do João, do Pedro, da Maria e do Manuel....e hoje é dia do fisioterapeuta, segundo consta.
Pois, parece que vou ter de elogiar a minha fisioterapeuta, senão ela depois vinga-se de mim e acreditem...com pequenos gestos que me pareciam inofensivos há uns tempos, apetece-me berrar em certas alturas, ou simplesmente bater-lhe com o braço que está livre, mas...tenho mesmo de me controlar para evitar ofensas corporais à terapeuta.
Vou tendo sempre sorte com as pessoas que encontro nesta aventura do cancro (exceptuando a equipa médica do hospital onde me tentei tratar inicialmente). E com a fisioterapia também tive essa sorte. Pessoas que aliam a capacidade técnica à boa vontade, à simpatia e à amizade com os pacientes.
A Stela, logo após a mastectomia e radioterapia, que tinha imenso cuidado comigo para não rasgar ainda mais a pele e me fazia sempre ficar bem disposta com o seu bom humor e capacidade de ver o copo sempre meio-cheio (e não meio-vazio). Ainda hoje a Rita me fala da massagem que a Stela lhe ensinou a fazer às mãos da mamã.
Mais recente, a Mónica tem ajudado a libertar movimentos, tecidos e outras coisas estranhas derivadas da reconstrução mamária. O fisioterapeuta desempenha um papel fundamental nestes processos, e ainda que fisicamente às vezes, ela me leve a querer espancá-la, a verdade é que a evolução sente-se de forma contínua e é com esse foco que a visito 3x por semana. Por isso, e pelos seus lindos olhos :)
Obrigado a ambas, porque de facto não é preciso ser só bom tecnicamente. É preciso saber cuidar e ser boa pessoa para o paciente se sentir seguro convosco.
Beijinho,
Vera
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