Tenho andado desaparecida, mas continua tudo no bom caminho
no que diz respeito ao cancro e à vida pós-cancro. Com o trabalho, as 500
atividades da criança, casa e cenas, os fins de semana rendem pouco e por vezes
o cansaço impede que a escrita tome o seu devido lugar.
Pode não parecer, mas passaram 4 anos desde que regressei ao
trabalho, desde que o tratamento “choque” terminou. Olhando para trás, são já imensos textos
acerca de mim, acerca do cancro, acerca deste desencontro que ninguém quer ter
na sua vida.
Disse-me o meu querido oncologista, em janeiro de 2015,
para eu viver a vida normalmente, não me lembrar do cancro
constantemente...deixá-lo no ano 2014. A quimio limpou-me a memória e ainda
hoje sinto efeitos secundários a esse nível, mas do cancro não me esqueço e
acho que fazendo parte da minha vida, não o devo esquecer, devo é saber
conviver com o que se passou, o que ainda se passa e o que pode vir a passar, a
qualquer momento.
Este mês há revisão. Na próxima semana volto aos meus amigos
marcadores e aos abraços sentidos do meu querido oncologista. Sinto-me bem
entregue nas mãos dele, cuidada e lembrada. Poderá haver melhor sensação do que
é esta quando se trata da nossa saúde?
Bjinho
Vera
Ps: Graças aos fóruns de apoio, com doentes e sobreviventes, familiares ou amigos, tenho conhecido pessoas espetaculares. É bonito, quando estamos dispostos a ouvir alguém e a ajudar, mesmo que nunca possas vir a conhecer a pessoa.