Pois bem, ontem foi dia do segundo check-up. Dia repleto de emoções contraditórias.
Fui de manhã bem cedo, sozinha porque fico mal-disposta nestes dias e ninguém tem de aturar o meu mau génio. Marcado para as 9:30, o eco-cardiograma para ver como anda o coração, de tarde raio-x e ecografias (com direito a 6 h de jejum). O dia não começou com o exame ao coração, porque o médico que me acompanha desde o início do Herceptin estranhamente faltou ao serviço. Saí eu da cama tão cedo para lá chegar a horas e depois vi-me com um hiato de 6 horas até ao próximo exame.
Aproveitei para ver o meu querido oncologista, que me sossegou logo em relação a um caroço que tinha surgido na axila direita, no lado do bicho. A Stela, minha fisioterapeuta, detetou-o há uns dias e embora eu me quisesse mentalizar que não era nada, a verdade é que não me saía da cabeça. Mais uns cabelos brancos que ganhei. Vale-me sempre a simpatia e assertividade do Dr. Leal :)
Ora, o Hospital da Arrábida tem uma das entradas via shopping, portanto o que se faz?
Nah...não se foi gastar dinheiro, até porque o cancro já faz isso muito bem. Já estoirei com mais um plafond do seguro. É um daqueles investimentos que, se possível, aconselho vivamente. Foi graças ao seguro que pude pagar o tratamento de forma rápida e eficaz.
Com tempo para queimar, fui cortar o cabelo. Apesar de a Rita me pedir para deixar crescer o cabelo, ainda gosto de me ver com cabelo curto e, verdade seja dito, isto é super prático!
À tarde, depois de umas horas de fome, fiz os restantes exames. Raio X ao tórax e ecografias mamária e abdominal para nos certificarmos que não há recidiva do "senhor bicho". Inicialmente queria submeter-me a tudo o que era exame (RMN, TAC, etc) para me certificar disso, mas o meu oncologista explicou-me que não se submete o paciente a mais radiação só por vontade, mas sim quando houver sintomas para isso, ou depois de o corpo recuperar desta dose de radiação que levei. Tudo a seu tempo, com naturalidade.
Foi possível verificar que o maldito caroço pode ser um simples pêlo encravado ou um quisto sebáceo, nada de grave. Mas que teve uma pontaria para aparecer naquele sítio, lá isso teve. Vamos vigiando e esperar que desapareça, porque está na zona que foi irradiada, por isso quanto menos mexer, melhor.
Saí do Porto mais descansada, aliviada. Já não cheguei a horas da fisioterapia, por isso fui direta à piscina para ir buscar a Rita e irritei-me. Porque raio se há-de obrigar uma criança a saltar para uma piscina, quando a criança tem medo...quando a criança manifesta que não se sente segura sem a presença da professora na água...quando se misturam crianças de níveis diferentes, frustram-se umas, assustam-se outras. Por isso, levei a Rita embora a meio da aula. Se souberem de aulas de natação para crianças em Aveiro, digam-me por favor.
Chegada a casa, semi-irritada, duas meninas de Ermesinde, big Jane e sobrinha Marta, para a surpresa. Foi um fim de tarde muito agradável, complementado depois com a chegada da tia Sandra e tio João e conversa até às tantas. Obrigada minhas amigas do coração.
Como vêm, foi um dia de emoções contraditórias. Mas, no fundo, foi um dia bom.
Beijinho
Um cancro de mama diagnosticado aos 33 anos. Não procuro ser mais do que um exemplo de luta, mais uma "Maria" a encarar olhos nos olhos esta doença. Não sou a primeira, gostaria muito de ser a última mulher com esta doença. Infelizmente, não serei. Mas serei mais uma a dar armas às "Marias" que se virem confrontadas com este desencontro da vida.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
Fontes de informação
Uma das minhas convicções nesta luta contra o cancro é que uma luta informada pode sair mais facilmente vencedora. Procuro inteirar-me o mais possível acerca do assunto nas suas variadas abordagens, reconhecendo logicamente as minhas limitações na área da medicina.
A Terry Arnold, que lidera a rede de apoio a pacientes com IBC, faz de ponte entre o que se faz a nível de investigação e os pacientes. Ela própria é uma sobrevivente do IBC, com uma força fantástica.
Recebo feedback desta rede diariamente, com notícias de artigos, trials novas, estudos ou simplesmente desabafos de outras mulheres com IBC. Ainda hoje descobri que a minha dislexia pós-tratamento com Herceptin afinal não é nada fora de comum. Uma senhora queixava-se do mesmo. A língua enrola, o discurso fica preso e o cérebro parece trabalhar mais depressa do que a língua. Felizmente é só no dia do tratamento:)
O MD Anderson Cancer Center é uma fonte de informação fantástica, aliado a investigação de topo nesta área, com informação elucidativa para pacientes, médicos e quem quer se interesse pelo assunto. Uma lição simples e fácil de perceber acerca do cancro inflamatório da mama, que um leigo consegue entender está disponível aqui.
Como se costuma dizer nas terras do Tio Sam, "no lump, still cancer".
Bjinho
A Terry Arnold, que lidera a rede de apoio a pacientes com IBC, faz de ponte entre o que se faz a nível de investigação e os pacientes. Ela própria é uma sobrevivente do IBC, com uma força fantástica.
Recebo feedback desta rede diariamente, com notícias de artigos, trials novas, estudos ou simplesmente desabafos de outras mulheres com IBC. Ainda hoje descobri que a minha dislexia pós-tratamento com Herceptin afinal não é nada fora de comum. Uma senhora queixava-se do mesmo. A língua enrola, o discurso fica preso e o cérebro parece trabalhar mais depressa do que a língua. Felizmente é só no dia do tratamento:)
O MD Anderson Cancer Center é uma fonte de informação fantástica, aliado a investigação de topo nesta área, com informação elucidativa para pacientes, médicos e quem quer se interesse pelo assunto. Uma lição simples e fácil de perceber acerca do cancro inflamatório da mama, que um leigo consegue entender está disponível aqui.
Como se costuma dizer nas terras do Tio Sam, "no lump, still cancer".
Bjinho
sexta-feira, 12 de dezembro de 2014
Cancerversário
O meu primeiro cancerversário celebra-se hoje.
É uma expressão que adoptei das guerreiras norte-americanas com cancro inflamatório da mama com quem troco diariamente umas palavras. Deram-me força e alento, apesar da distância física. Muita informação, muito apoio e acima de tudo muita partilha de sentimentos e de experiências de mulheres com o mesmo tipo de cancro de mama.
Faz hoje 1 ano que recebi o diagnóstico, a biópsia que me dizia que era um carcinoma invasor. Tudo tão novo naquela altura, tudo tão inesperado. Sabia lá eu que podiam ser invasores ou não invasores (=in situ), que podiam ser lobulares, tubulares ductais, inflamatórios....que sabia eu de cancro?
Pouco, muito pouco. Ao longo deste ano de luta, aprendi muito sobre cancro, especialmente acerca do cancro da mama. Assustei-me muito quando investiguei o meu tipo específico de cancro. As probabilidades de sobrevivência assustaram-me brutalmente e houve momentos em que nada fazia sentido e a luta interna para me manter bem disposta e coerente era tão grande.
Sobreviver para ver a Rita a crescer, nada mais do que isso, pedia eu a mim mesma.
Lembro-me perfeitamente de estar na festa de Natal da escolinha da Rita. Ia voluntariamente atuar numa das peças e só pensava que tinha cancro enquanto tentava levar os fantoches do circo dos animais até ao fim. Olhava para ela no palco e as lágrimas a querer sair. Mas ela, tão cheia de vida, tão única e teimosa foi essencial neste processo.
E foi a isso que me agarrei, à minha filha teimosa. Talvez tenha herdado a teimosia da mãe, dizem as más-línguas. Lutei, vivi dias menos bons durante a quimioterapia, sujeitei-me à mutilação de uma parte do meu corpo, enfrentei a radioterapia e aguentei as dores nas queimaduras no corpo enquanto a minha querida fisioterapeuta me "recuperava" o braço. Agora a imuno e hormonoterapias...que provocaram uma menopausa precoce, com aqueles calores maravilhosos, mas bem pior que os calores são o inchaço das mãos e dores nas articulações. Peanuts, comparado com tudo o resto.
Passou um ano a correr. Parece que ainda ontem ia para a primeira quimioterapia, hoje espero e desejo nunca mais a voltar a sentir a entrar nas veias. Ainda sem coragem para dizer que estou livre. Não estou, nem nunca estarei totalmente. Preciso que passe tempo, muito tempo. Já passaram 6 meses depois da cirurgia e tem estado tudo calmo. Como diz o meu querido oncologista, precisamos que o tempo passe depressa e bem, para diminuir as chances de recidiva.
Agradeço todos os dias a Deus, ou ao destino, que tenha colocado este senhor na minha vida. Cuidou, e cuida, de mim com uma atenção que nenhum dinheiro do mundo paga. Obrigado Dr. Leal da Silva, pelas coisas tão pequenas como um sorriso, um abraço ou pelas nossas conversas sobre fins de semana no nosso Portugal.
Para a semana, segundo check-up trimestral. Vai estar tudo bem e vou voltar ao trabalho em janeiro. Hoje fui a mais uma junta médica. Mais uma experiência sobre-natural, mas hoje não é dia para criticarmos o nosso sistema.
Obrigado a todos que estiveram comigo este ano, que me apoiaram nas coisas maiores e mais pequenas. Este cancro meteu-se com muita gente ao alojar-se no meu corpo.
Bjinho,
Vera
É uma expressão que adoptei das guerreiras norte-americanas com cancro inflamatório da mama com quem troco diariamente umas palavras. Deram-me força e alento, apesar da distância física. Muita informação, muito apoio e acima de tudo muita partilha de sentimentos e de experiências de mulheres com o mesmo tipo de cancro de mama.
Faz hoje 1 ano que recebi o diagnóstico, a biópsia que me dizia que era um carcinoma invasor. Tudo tão novo naquela altura, tudo tão inesperado. Sabia lá eu que podiam ser invasores ou não invasores (=in situ), que podiam ser lobulares, tubulares ductais, inflamatórios....que sabia eu de cancro?
Pouco, muito pouco. Ao longo deste ano de luta, aprendi muito sobre cancro, especialmente acerca do cancro da mama. Assustei-me muito quando investiguei o meu tipo específico de cancro. As probabilidades de sobrevivência assustaram-me brutalmente e houve momentos em que nada fazia sentido e a luta interna para me manter bem disposta e coerente era tão grande.
Sobreviver para ver a Rita a crescer, nada mais do que isso, pedia eu a mim mesma.
Lembro-me perfeitamente de estar na festa de Natal da escolinha da Rita. Ia voluntariamente atuar numa das peças e só pensava que tinha cancro enquanto tentava levar os fantoches do circo dos animais até ao fim. Olhava para ela no palco e as lágrimas a querer sair. Mas ela, tão cheia de vida, tão única e teimosa foi essencial neste processo.
E foi a isso que me agarrei, à minha filha teimosa. Talvez tenha herdado a teimosia da mãe, dizem as más-línguas. Lutei, vivi dias menos bons durante a quimioterapia, sujeitei-me à mutilação de uma parte do meu corpo, enfrentei a radioterapia e aguentei as dores nas queimaduras no corpo enquanto a minha querida fisioterapeuta me "recuperava" o braço. Agora a imuno e hormonoterapias...que provocaram uma menopausa precoce, com aqueles calores maravilhosos, mas bem pior que os calores são o inchaço das mãos e dores nas articulações. Peanuts, comparado com tudo o resto.
Passou um ano a correr. Parece que ainda ontem ia para a primeira quimioterapia, hoje espero e desejo nunca mais a voltar a sentir a entrar nas veias. Ainda sem coragem para dizer que estou livre. Não estou, nem nunca estarei totalmente. Preciso que passe tempo, muito tempo. Já passaram 6 meses depois da cirurgia e tem estado tudo calmo. Como diz o meu querido oncologista, precisamos que o tempo passe depressa e bem, para diminuir as chances de recidiva.
Agradeço todos os dias a Deus, ou ao destino, que tenha colocado este senhor na minha vida. Cuidou, e cuida, de mim com uma atenção que nenhum dinheiro do mundo paga. Obrigado Dr. Leal da Silva, pelas coisas tão pequenas como um sorriso, um abraço ou pelas nossas conversas sobre fins de semana no nosso Portugal.
Para a semana, segundo check-up trimestral. Vai estar tudo bem e vou voltar ao trabalho em janeiro. Hoje fui a mais uma junta médica. Mais uma experiência sobre-natural, mas hoje não é dia para criticarmos o nosso sistema.
Obrigado a todos que estiveram comigo este ano, que me apoiaram nas coisas maiores e mais pequenas. Este cancro meteu-se com muita gente ao alojar-se no meu corpo.
Bjinho,
Vera
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
A fase nojenta
Tenho estado distraída do blog com outros assuntos, mas escrever faz-me bem. Acabo por libertar aqui muitas das coisas que só eu penso e passo. Não debito aqui tudo o que se passa nesta cabecinha pensadora, senão ainda me internavam num manicómio :)
Não consigo dizer que estou livre do cancro. Acho que nunca o direi, mas poderia afirmar que já me safei, que sou uma sobrevivente, enfim, qualquer coisa do género. Ainda não o consigo dizer. Daqui a uma semana, mais um tratamento para a veia, daqui a duas o segundo check-up pós-quimio/mastectomia/radiação. No primeiro check-up básico estava tudo ok, marcador estável, o outro peito sereno, o coração a aguentar a imunoterapia, ainda que já com sinais de estar a ser atacado. Já repeti o marcador tumoral há 2 semanas atrás, continua baixinho e sem grandes oscilações. É um alívio daqueles ver aquele número baixinho!
E porquê então a fase nojenta?
Segundo a minha vizinha, madame andreia, estou efetivamente na "fase nojenta". Adorei a expressão e vou "adoptar". Estou no que se chama a fase nojenta do cancro. Passo a explicar. Quem me vê na rua, no supermercado, whatever, não diz que estou doente. Pelo contrário, eu vendo saúde. Ahahaahah...adoro esta expressão. Se souberem onde se vende saúde, digam-me por favor...não que eu precise, só para saber :)
Como raramente me queixo e prefiro guardar para mim as dores, então aí é que começam a bombardear-me com "quando voltas a trabalhar" ou "até quando precisa de baixa?" ou ainda melhor "está de baixa porquê?"...
Quem me dera não ter dores nas articulações, conseguir caminhar normal quando acordo (pareço uma velhinha com os "crack.crack" das articulações), não sentir os efeitos desta nova medicação que me fazem acordar com dores e dormência nas mãos (provocou-me o síndrome do túnel cárpico), as insónias e a falta de força nas pernas...enfim....nada que eu não aguente e enfrente. Só não me digam que eu vendo saúde, please! Não levo a mal nem guardo rancor de quem me diz estas coisas, mas às vezes apetecia responder torto :)
Para quem tem efetivamente curiosidade ou simplesmente sente a minha falta nos corredores da reitoria, planeio voltar em Janeiro, se os exames estiverem ok e tiver alta do oncologista. Espero sinceramente que sim, porque sei que já não aguentam com tantas saudades minhas :)
Vou retomar a fisioterapia na próxima semana, porque com o frio, o meu braço congela de vez em quando e custa colocá-lo em certas posições. Nada que não se combata, de uma maneira ou outra. É preciso é lutar e seguir em frente.
Keep on fighting IBC
Bjinho
Ps1...Hoje foi dia de injeção Zoladex...3 enfermeiras a ver, uma pediu para "EXPERIMENTAR", porque nunca tinha dado. Há que dar o corpo ao manifesto e à formação das enfermeiras. OUCH.....
Ps2...Fui hoje à UA e, para variar, muito bem recebida pelo chefe e colegas. Obrigada :)
Não consigo dizer que estou livre do cancro. Acho que nunca o direi, mas poderia afirmar que já me safei, que sou uma sobrevivente, enfim, qualquer coisa do género. Ainda não o consigo dizer. Daqui a uma semana, mais um tratamento para a veia, daqui a duas o segundo check-up pós-quimio/mastectomia/radiação. No primeiro check-up básico estava tudo ok, marcador estável, o outro peito sereno, o coração a aguentar a imunoterapia, ainda que já com sinais de estar a ser atacado. Já repeti o marcador tumoral há 2 semanas atrás, continua baixinho e sem grandes oscilações. É um alívio daqueles ver aquele número baixinho!
E porquê então a fase nojenta?
Segundo a minha vizinha, madame andreia, estou efetivamente na "fase nojenta". Adorei a expressão e vou "adoptar". Estou no que se chama a fase nojenta do cancro. Passo a explicar. Quem me vê na rua, no supermercado, whatever, não diz que estou doente. Pelo contrário, eu vendo saúde. Ahahaahah...adoro esta expressão. Se souberem onde se vende saúde, digam-me por favor...não que eu precise, só para saber :)
Como raramente me queixo e prefiro guardar para mim as dores, então aí é que começam a bombardear-me com "quando voltas a trabalhar" ou "até quando precisa de baixa?" ou ainda melhor "está de baixa porquê?"...
Quem me dera não ter dores nas articulações, conseguir caminhar normal quando acordo (pareço uma velhinha com os "crack.crack" das articulações), não sentir os efeitos desta nova medicação que me fazem acordar com dores e dormência nas mãos (provocou-me o síndrome do túnel cárpico), as insónias e a falta de força nas pernas...enfim....nada que eu não aguente e enfrente. Só não me digam que eu vendo saúde, please! Não levo a mal nem guardo rancor de quem me diz estas coisas, mas às vezes apetecia responder torto :)
Para quem tem efetivamente curiosidade ou simplesmente sente a minha falta nos corredores da reitoria, planeio voltar em Janeiro, se os exames estiverem ok e tiver alta do oncologista. Espero sinceramente que sim, porque sei que já não aguentam com tantas saudades minhas :)
Vou retomar a fisioterapia na próxima semana, porque com o frio, o meu braço congela de vez em quando e custa colocá-lo em certas posições. Nada que não se combata, de uma maneira ou outra. É preciso é lutar e seguir em frente.
Keep on fighting IBC
Bjinho
Ps1...Hoje foi dia de injeção Zoladex...3 enfermeiras a ver, uma pediu para "EXPERIMENTAR", porque nunca tinha dado. Há que dar o corpo ao manifesto e à formação das enfermeiras. OUCH.....
Ps2...Fui hoje à UA e, para variar, muito bem recebida pelo chefe e colegas. Obrigada :)
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