sexta-feira, 16 de março de 2018

Eu e as juntas

Na minha primeira comparência a uma junta médica em 2014, saí incrédula...aquele "então, tem cancro" caiu-me assim um bocadinho mal...nem sei como contive a minha língua de refilona...não, meus amigos, estou careca, amarela e com o corpo em guerra porque me apetece. É fashion!

Calei-me, engoli em seco e respondi que sim...mas talvez os olhos tenham dito o resto. Da maneira que andavam vidrados com a quimio, talvez até isso se tenha encoberto. Várias juntas se somaram a esta, mas já com menos esplendor.

Hoje fui a uma nova junta...quatro anos depois, num sítio diferente, o mesmo estilo. O mesmo aglomerado de gente, uns com cara de doentes, outros com ar de perfeita saúde (tipo eu), uns a olhar para o relógio, uns a queixar-se da chuva, outros do sol, outros da vida e dos atrasos constantes neste tipo de "eventos".

A prova foi superada com o sucesso que se espera nestas coisas...mas a reter a parte da conversa sobre onde me tinha tratado, o que tinha feito e onde era seguida atualmente....ui, que snob lhes devo ter parecido. A moça sabe o que fez, sabe o que deve fazer a longo prazo, sabe que medicação faz, sabe os efeitos secundários e sabe as estatísticas...até sabe o que o oncologista escreveu no relatório clínico....sim, sei tudo. Só não sei os números do euromilhões :)
Afinal de contas, é a minha vida que está em jogo, certo?

Saí com a promessa de voltar em 2020.
Promessas são para cumprir.

Bjinho,
Vera

PS.

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