Estou de volta!
Não de Viseu, porque de lá já cheguei no domingo, mas sim ao cancro. Retirei-me desta maravilhosa Vista Alegre, onde moramos, para Terras de Viriato por uma noite e fiz um esforço para esquecer o bicho. Precisava de apanhar ar fresco. A minha casa já “transpira” cancro.
Infelizmente, não é recomendável que eu frequente piscina durante a quimioterapia, mas o Nuno e Ritinha não têm de penar por minha causa. Já lhes chega o resto que o cancro nos retira à nossa vida diariamente. Vi a minha filha divertir-se imenso na piscina com o pai, enquanto eu lia um dos livros do José Rodrigues dos Santos e lhe acenava de 5 em 5 segundos.
Custou-me estar ali sentada, não fazer parte do trio maravilha que por vezes parte num fim de semana para deixar para trás as tristezas. Saíamos muito mais antes de a Rita nascer, antes da crise, antes do cancro. Mas voltaremos a sair e em pleno. Faz bem ao corpo e à alma e estas minhas duas alminhas adoram sair de casa....independentemente de ser para casa de amigos, hotel, pensão, tenda...qualquer coisa que não seja casa está perfeito.
Usei muito pouco o computador, redes sociais, internet, etc., esta semana. Às vezes também precisamos de respirar realidade e tenho tido mais necessidade de estar “sozinha”.
Independentemente disso, foi uma semana em cheio:
- quimio na segunda, acompanhado com uma conversa fantástica com o meu oncologista, que me descreveu sítios giros para visitar em Portugal e o meu plano de tratamento para os próximos 5 anos (wtf...cirurgia, radioterapia, Herceptin por um ano de 3 em 3 semanas e comprimidos diários por 5 anos) e logo a mim que evitava tomar sequer um Benuron...ironia do destino!
-4º aniversário da Rita, cuja festa ela adorou. Não queria que ela se visse privada de um aniversário por ter a mãe meia inválida. Obrigada a todos :)
- Nuno no hospital, com uma cólica renal no dia de aniversário da filha!!! É preciso muita pontaria.
- Fim de semana fora.
Tanta agitação e turbulência que por vezes me esquecia que estou a tratar o bicho que ainda cá anda.
Não é normal esquecer-mo-nos que temos cancro. Mas também não é normal não se lembrar de coisas banais, perder sacos de lixo, ir ao quarto buscar qualquer coisa e não me lembrar, querer trabalhar mas não sair nada de jeito, querer fazer e sentir-me incapaz. Como diria aqui o meu charmoso, estou “queimadinha” pela quimio. Espero que o meu cérebro regresse de viagem quando terminar o tratamento.
Por incrível que pareça, já estou em tratamento desde janeiro e estamos em maio, e já só faltam 5 sessões. Não vejo a hora de ir à faca, por mais receio que tenha dessa fase. A quimioterapia é uma tortura física e psicológica também. Criamos ansiedade e expectativa de uma semana para a outra, ansiamos pelos resultados do hemograma como se estivéssemos na prova final da universidade, apenas para que nos possam injetar mais droga no corpo.
Eu não escolhi isto, mas tenho de o viver.
Obrigado às pessoas que rezam por mim. Sei que têm sido muitas e em diversos credos, cada um à sua maneira a lutar a meu lado.
Beijo grande
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