segunda-feira, 17 de abril de 2017

42 dias de...penso!

É isso mesmo...sempre que penso que já se passaram 42 dias após cirurgia, também penso nos "pensos" que tenho feito diariamente. Tem sido dias e dias a fio a fazer penso numa das zonas em que rebentaram os pontos inicialmente e depois o hematoma. Não é que doa, porque de facto não dói ( a não ser aquela parte em que o Dr. Conde me espremeu manualmente e depois a bendita drenagem).

Não dói, mas é chato para caraças. É a prova que não vale a pena planear nada, porque não é a nossa vontade que determina o sucesso ou insucesso das coisas, nem o rumo que queremos tomar. É a própria sorte ao jogo, ou o azar talvez.

Ainda hoje escrevia a uma das minhas amigas americanas (a fundadora do grupo de apoio) que ainda não há "regrets" aqui por este lado, mas não é tudo um mar de rosas, como deveria ser. Por lá também não.  Ela foi operada no mesmo dia que eu e fez reconstrução bi-lateral após vários anos sem sequer equacionar sujeitar-se a esta cirurgia. Estava tudo a correr lindamente com ela e fiquei feliz por ela, porque ela merece tudo de bom. Fomos sempre comunicando e eu ia-lhe enviando fotografias do meu caso para ela acompanhar e aconselhar, como tem feito ao longo destes 3 anos.

Após 42 dias, eu consegui acordar hoje com o penso limpo. Olhei umas 3 vezes para ter a certeza...espero que seja desta, porque sem isto estar resolvido, não podemos avançar para os passos seguintes (drenagem linfática e massagem localizada). Estava para lhe enviar mensagem com essa informação e vejo um post dela com a informação que teve um seroma (=acumulação de líquido) na cicatriz do abdómen.

Olhei para a minha cicatriz abdominal (36 cm de puro prazer) e proibi-a de se armar aos cágados!

Já tive a minha quota parte de pensos! Desinfeta mãos, limpa área, aplica creme, gaze esterilizada, penso a fechar...Qualquer dia tenho equivalência à licenciatura em enfermagem..se os outros têm equivalências, também posso ter, certo?

 

Bjinho,
Vera

 Ps. Amanhã inicio as sessões de fisioterapia para recuperar mobilidade e amplitude no braço direito. Não é que a besta de uma fibrose se foi formar ali bem perto do músculo peitoral e me bloqueia os movimentos? Devo ter mesmo muita sorte ao amor...



sábado, 8 de abril de 2017

Praia e espartilho

Um mês e dois dias após a cirurgia, voltei a ter "vida social", ainda que ainda com um bocado de receio de cair, de alguém me dar um encontrão ou qualquer coisa do género. Não há planos de recuperação perfeitos, tive já algumas complicaçõezitas espontâneas, por isso não quero provocar quaisquer outras. No entanto, hoje foi dia de alguma normalidade pré-operatória.

A Costa Nova hoje estava mais agradável do que em alguns dias de verão. A praia e o sol estavam ótimos, deu até para molhar os pés e tentar aumentar os meus níveis de vitamina D.
Eu, a Rita, o charmoso e o meu "espartilho" a apanhar sol!

Depois de uma reconstrução TRAM, é recomendado o uso de uma cinta (aka espartilho, objeto de tortura, espremedor, torturete, etc.), por um período que pode ir até largos meses após cirurgia, mínimo 3-4 meses, segundo consta. Ainda só passou 1 mês e eu já tenho pena das mulheres da era vitoriana e outras que vestiam coisas apertadas debaixo da roupa por sistema...

Só se pode tirar a cinta para dormir, o que dá uma média de 16h diárias com o estômago colado às costas, costelas a empurrar os pulmões e barriga semi-comprimida a tentar ajustar-se à falta de músculo (uma parte do músculo é usada para "alimentar" a nova zona).

Supostamente é uma questão de hábito e, de facto, consigo caminhar quase direita e sem dores com a "torturete" vestida. Mesmo assim, vestir uma cinta tamanho 32 pode ser uma tarefa herculiana em alguns dias, especialmente nos primeiros dias pós-cirurgia, em que eram precisas duas pessoas para me vestirem a dita cuja. Hoje em dia já a consigo colocar sozinha, em frente ao espelho...enquanto isso, penso em todas as mulheres que usam isto só para ter a cintura mais delgada e imagino que devem estar mesmo desesperadas...só pode.



Bjinhos,
Vera



Ps. Aproveitem o sol e verifiquem os níveis de vitamina D. 
Esta vitamina é muitas vezes desvalorizada pelos médicos, mas interfere em inúmeros processos no nosso organismo, desde controlo de inflamações, articulações, reumatismos, síntese de hormonas, etc.
Mais acerca deste assunto

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Empate

No segundo encontro com as mãos do cirurgião, eu e o hematoma empatámos. Com as dores que tinha sentido na segunda-feira, ia já meia preparada psicologicamente para sair de lá toda torcida.

Eu fiquei torcida, mas o "gajo" não ficou melhor.
Como ainda havia muita "matéria" a eliminar, basicamente tive de ir à "lavagem"...e o meu querido cirurgião cortou, espremeu, injetou água oxigenada, betadine, soro e mais umas tretas, voltou a enxaguar o interior e a espremer e no fim coseu. Tudo muito giro, não fosse feito a "sangue frio".  O enfermeiro dizia-me para não olhar, porque podia desmaiar...deu para eu me rir...como se a visão fosse pior de suportar do que a dor.

Voltei com pontos, que devo retirar em 8-10 dias, e voltei com a mama tapada com penso para evitar infeções.  Segundo o Dr. Conde, este procedimento deve resolver o assunto, ou pelo menos assim esperamos. Amanhã ele vai ver como esta complicaçãozita está a evoluir.

É mesmo isso, uma complicação da cirurgia. Pontos rebentados, sangramento, pele debilitada nesta zona pela radioterapia, falta de gânglios...uma mistura explosiva para o hematoma se formar e perdurar.

Se era escusado? Era, claro, mas nada a fazer, a não ser ajudar o corpo a safar-se de mais esta!

bjinho,
Vera



segunda-feira, 3 de abril de 2017

Desforra

Depois de nova abertura nas cicatrizes, de o hematoma ter acumulado líquido e de ter tido hoje o prazer de ser "espremida" manualmente pelo cirurgião, tenho apenas a afirmar uma coisa:

Vera - 0 | Hematoma - 1

Amanhã há desforra com nova "espremidela" e drenagem...a ver quem é mais teimoso!
Pena é que o hematoma não sente dor, ao contrário de mim :)

Bjinho
Vera