segunda-feira, 25 de maio de 2015

Sexta-feira

Se me dissessem que já era sexta-feira, eu acreditava. Estou estoirada e ainda é só segunda:(

A minha vida social tem andado muito ativa e começo a considerar seriamente em começar a restringir os meus fins de semana "sociais" a apenas um dia. Quero ter uma vida o mais normal possível, mas canso-me com muito mais facilidade agora. Encosto facilmente às "boxes".
Bem, não se pode ter tudo, certo?

Este fim de semana foi mexido. A minha agenda tem andado tão ocupada que se atrapalhou e quase deu barraca. Uma falha na data levou a que eu sobrepusesse pessoas/ compromissos. Tinha 2 compromissos para sábado à noite e dois para almoço no domingo, sendo que um deles estava marcado desde o Natal.

Terei de remarcar um dos encontros de sábado e um dos almoços do domingo, só preciso agora de voltar a conciliar agendas com essas amigas. Coitadas, vão-me perdoando estas falhas, porque afinal a minha memória ainda se está a tentar recuperar da droga (parte da vitimização)!

De resto, tudo bem, ou assim o espero. Amanhã é dia de Hospital da Arrábida. Limpeza de cateter, análises com marcador tumoral (a parte dos suores frios), receituário de medicação, consulta de oncologia e cirurgia. Caramba, já podia fazer parte dos quadros daquele Hospital. Até já "domino" alguns dos procedimentos internos :)

Sou sempre bem recebida e é um prazer rever o meu querido oncologista, que me brinda com um sorriso e diz que sou a "menina da Vista Alegre". Enche-me o coração.

Por vezes ouço falar de doentes que passam por médicos e sítios "frios" e lembro-me da minha experiência na única reunião de decisão terapêutica a que fui no hospital para onde fui encaminhada.
Senti-me humilhada, destratada pela equipa médica, ali semi-despida em frente a toda a gente e ninguém me respondia ao que eu perguntava, porque a bem dizer, não tinham sequer lido o processo e apenas olhavam para mim porque eu colocava questões. Eu só queria saber quando começava a quimioterapia e a resposta era a que eu ia esperar até haver vaga, porque estávamos no Natal. É horrível não nos sentirmos gente suficiente nas mãos dos médicos.  O único toque humano que senti foi o da enfermeira que me abraçou no vestiário enquanto eu chorava sozinha, sem saber o que fazer, nem o que dizer, nem sequer consegui saber em que estádio da doença estava.

Talvez por isso eu valorize tanto a equipa que me acolheu no Arrábida. Um médico que me olhou nos olhos e me disse que ia tratar de mim. Uma enfermeira que me deu a mão quando me conheceu e disse que estava lá para me ajudar até eu ficar bem. Pode parecer totalmente lamechas, mas para mim foi e é parte do meu processo de tratamento.

Bem, vou descansar a minha beleza, porque amanhã é um dia mexido:)
Beijinho


sexta-feira, 15 de maio de 2015

O soutien da L.

Aqui há uns dias, uma amiga descreveu-me uma situação relacionada com soutiens. Dizia-me ela que não se consegue entender com os soutiens de uma dada loja cá em Aveiro (que começa em H e termina em M), e que, vendo bem as coisas, ia entregar os soutiens e pedir devolução do dinheiro.

Mais vale comprar um bom soutien do que vários soutiens incómodos. É uma peça que acompanha a mulher diariamente. Ela perguntou-me que tipo de soutien eu a aconselhava a comprar, uma vez que agora sou "entendida em mamas". Esta mulher faz-me rir, mas de facto entendo agora um pouco mais de mamas do que há uns 2 anos atrás.

Devemos saber vestir e cuidar do nosso corpo. Muitas vezes olha-se ao "esteticamente" bonito ou atraente e esquecemos que andamos o dia todo apertadas e incomodadas. Vale a pena isso?
Eu acredito que não. Mas também acredito que traumatizei muita gente em meu redor...ihihihih.

Pois bem, cara L., há regras e dicas para se comprar um bom soutien. Tens de te sentir confortável e escolher materiais que não te provoquem desconforto ou alergias. O algodão é o mais aconselhável para roupa interior no geral. Há de tudo e para todos os gostos. Acima de tudo, tens de conhecer o teu corpo, medir para escolher o tamanho e copa certos.



Penso que não será uma tarefa árdua, se formos às lojas certas e não às que usam os mesmos modelos/cortes/formas tipo impressão em série. Cuidado com os aros em cima do tecido mamário, ou com demasiada compressão. Não há estudos científicos válidos para o efeito da "compressão" dos soutiens no aparecimento de cancro de mama, mas tem havido algumas opiniões médicas nesse sentido. 

Agora já percebo o que ela quer dizer com "entendida em mamas". 

Obrigado por me acompanharem nesta minha jornada e blog.
Bjinho e bom fim de semana.

Vera


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Eu e o Zoladex

Eu e o Zoladex temos uma relação equilibrada. Eu preciso dele e "ele" deve gostar de mim.

E o que é isso?  Não é mais do que um medicamento do grupo dos anti-hormonais, uma injecção que tomo todos os meses e que causa variações nas atividades hormonais do organismo.
Percebem agora o meu mau humor de vez em quando?

Normalmente esse mau humor acentua-se em dia de injeção. Já foi há 7 dias atrás, mas é normal manter-se pisado por uns dias. A minha barriga parece um mapa de pontos :)

 























Tenho notado muitas caras de mau humor. Será que também andam no Zoladex?
Relativizem e sejam felizes. Andamos cá por pouco tempo, sejam felizes.
Bjinho
vera


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Uma simples maçã

Numa das minhas idas à radioterapia, tive companhia de uma grande amiga minha. Ao chegar ao Porto, à estação de S.Bento, vi uma situação que me incomodou. Um daqueles pedintes na porta da estação a chatear um senhor de idade, quase em jeito de lhe palmilhar qualquer coisa. Não estava física nem moralmente capaz de intervir nessa ou noutra situação do género.

No entanto, comentei com a minha amiga que me parecia indecente que ninguém se indignasse e interviesse na situação. Ela disse-me, nessa altura, que cabe a nós começar a mudança, ainda que singular e esperar que o efeito se propague, qual efeito borboleta.

Hoje ofereci uma maçã a uma menina que tem o hábito de fumar uns cigarros de vez em quando. Não foi a primeira maçã que lhe ofereci, mas só hoje a intenção foi clara. Em vez de fumar um cigarro, ela deveria comer a maçã. Assim foi, espero eu!


Tem havido muita polémica com o tabaco, especialmente agora com as novas imagens de "horror" que querem colocar nos maços. Não acredito, sinceramente, que isso vá alterar grande coisa, mas enfim, que se vá tentando de tudo para reduzir o número de fumadores.

Eu vou tentando "chatear" uns quantos lá no trabalho :)  Deixar de fumar é um ato saudável, mas isso não significa, logicamente, que o não fumador é saudável e morrerá de velhice.  É um jogo de sorte esta nossa vida. Nós só não queremos é ajudar o "azar".

Querida S., espero que a maçã tenha sabido bem e que em breve só comas maçãs por prazer.

Um beijo

segunda-feira, 4 de maio de 2015

5 anos

Pois, já se passaram 5 anos, marcados essencialmente por muito amor e carinho pela minha filha.

Tinha ela 1 mês e meio nesta foto e é uma das minhas fotos favoritas dela. Acabava de mamar e adormecia assim no meu colo, com a minha mão a servir de almofada. Como mãe galinha que era, sem experiência e com medo de a acordar, ficava muitas vezes assim, a olhar para ela a dormir, com este ar sereno e seguro. Ela estava no seu porto seguro. Agora, nestes dias que correm, é ela o meu porto seguro.


Fez 5 anos na passada sexta-feira. Incrível como o tempo passa e depressa se fez uma mulherzinha. É muito teimosa e senhora do seu nariz, mas não se deve conseguir contrariar os genes, digo eu. Teve uma festa muito diferente das habituais cá em casa. Num ambiente novo, foi a rainha que recebeu os seus convidados e os encantou com a sua graciosidade. Adorei receber os amigos dela, os nossos e a nossa família mais direta. Não posso, como devem perceber, convidar toda a gente que gostaria de convidar. Torna-se dispendioso e isso é coisa que neste momento temos de evitar. 

Acima de tudo, foi um dia bonito, em que muitas vezes me lembrei dos primeiros dias em casa com ela, dos momentos de aflição, dos momentos de alegria e dos aniversários passados. Como ela cresceu! 

Nem nesse dia me consegui esquecer do cancro. Ele está sempre presente na minha cabeça e corpo (cansaço e marcas físicas) e faz-me lembrar cada vez mais como é precioso acompanhar o crescimento da minha filha. Como é bom ver que eu e ela ainda encontramos esta serenidade e segurança em tantos dias e momentos da nossa vida.

Beijinho e sejam felizes. Aproveitem o melhor que temos. 
Vera