Amanhã espero tomar o meu último shot de Herceptin
(trastuzumabe). Foi um longo ano, primeiro com doses semanais, depois espaçado
de 3 em 3 semanas. Já quase nos tratamos
por “tu”.
Há um ano atrás, estava prestes a iniciar a combinação do
trastuzumabe com o paclitaxel, que me acompanharam até agora, ajudando o
organismo a combater e evitar recidivas. Vislumbrar o último shot provoca, ao
mesmo tempo, uma sensação de alívio e um calafrio.
Acredito que talvez por esta via de anticorpos criados e
adequados aos vários tipos de cancro que se poderão controlar muitos deles.
Espero que sim e em breve, se faz favor.
Quem diria que uma droga feita com células de ovário de
hamster chinês poderia ser tão útil para mulheres com cancro de mama (HER+). E
logo eu que nem gosto de hamsters…
Há coisas na nossa vida que nos acontecem nos momentos
certos. Hoje enquanto tentava terminar um texto no trabalho, ouvia a colega do
lado no seu telefonema nr. 500 do dia e o cérebro teimava em desviar do texto e
ia parar à vida “pós-herceptin”… é difícil não pensar que esta droga pode estar
a evitar o bicho de reaparecer. E agora que a vou deixar de tomar?
Poucos minutos depois, as minhas amigas americanas enviam
uma mensagem. É normal haver interacção com elas, sempre a enviar mensagens de
apoio e carinho, com informações, artigos, dicas e até piadas sobre cancro. Hoje era uma história de uma sobrevivente há 26 anos.
Estava tudo delirante. Pessoalmente foi o maior “recorde” de sobrevivência ao
CIM que já vi, em tudo o que já li e reli. Bem, como sou teimosa, vou ter de
bater este recorde. Daqui a 26 anos, voltamos a conversar sobre isto. Apontem na agenda.
De resto, chegou a primavera e eu preciso de vit. D. Todos
precisamos.
Este ano, particularmente, sinto-me cansada e ainda só
voltei ao trabalho há cerca de 2 meses e meio. Também sinto que, no geral, as
pessoas andam cansadas e muito carrancudas. A não ser que tenham um problema
grave, sorriam e façam sorrir. A vida são 2 dias e 1 já passou.
Bjinhos
vera
Onde está o bicho? |