Acabadinha de chegar do Porto, dos únicos exames de rotina "externos" que o meu oncologista me deixou fazer nesta revisão. Estou cansada, mas tranquila agora, pelo menos por mais 3 meses :)
Estava agora a dizer à minha prima que até consigo suar antes de entrar para os exames, esteja frio ou calor no vestiário. O médico radiologista já me acompanha desde o início do processo e isso dá-me algum descanso e paz de espírito. Torna-se, por vezes, cansativo ter de explicar o que se passou.
Muitas vezes, ao entrar nos consultórios ou outros meios, o diálogo é do género:
- O que lhe aconteceu menina? Tão novinha e já passou por isso.
- Sim, teve de ser.
-Não se preocupe, há por aí bem mais novos.
(Como se eu ficasse feliz com a miséria alheia)
ou
- Tem antecedentes na família?
- Não.
- Ah, que estranho, tão novinha.
(Hereditariedade e idade confundem as ideias a muita gente)
ou
- Tão nova para ter um cancro. Já tinha filhos?
- Sim, tenho uma filha.
- Pois, e fica por aí. Vai ser filha única.
(Como se eu infelizmente já não o soubesse)
ou
- Tratou-se por completo no hospital privado?
- Sim, tive de o fazer.
- Ah, tanto dinheiro que gastou.
(Foram-se os anéis, ficaram os dedos e EU, claro)
ou
- Quem a operou?
- A dra. Teresa.
- Pois, olhe, está uma cicatriz muito bonita e perfeitinha.
(Frankenstein, devias seguir os meus posts e optar pela minha cirurgiã).
Podem rir-se.
Eu própria me rio dos diálogos parvos, das estapafúrdios que ouço muitas vezes. Chega a uma altura em que eu deixo de tentar explicar, faço que não ouço ou ignoro aquelas coisas que nunca se devia dizer a pessoas que sofrem ou sofreram de cancro.
Só há uma coisa que eu não paro de tentar passar: a mensagem da prevenção. Cuidem-se minhas senhoras e meus senhores, também.
No lump, still cancer :)
Bjinho e muita saúde para todos.
Vera
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