Lembro-me, há um ano atrás, de estar muito preocupada nesta
mesma semana. Tinha feito quimioterapia numa segunda e a minha filha
fazia 4 anos na quinta-feira dessa semana. Não queria que ela ficasse com o seu 4º ano por
festejar, só porque a mãe estava meia inválida.
Descansei bastante nesses dois dias e só esperava que a
indisposição não chegasse a 5ª feira, para poder estar bem na festa da minha
“kica”. Para quem nos conhece, sabe que ela é o nosso maior orgulho e, muitas
vezes, é mimada com algum exagero à mistura.
Queríamos os nossos amigos e família e os
amigos dela presentes na festa, como hábito nos aniversários anteriores. Quando dei por mim, a minha casa tinha sido invadida por
mais de 50 pessoas, havia “gente” por todo o lado. As crianças divertiram-se,
os adultos também e, acima de tudo, quase me esqueci do cancro nesse dia. Digo
quase, porque estava ainda meia “descabelada” e a ressacar da quimio. Mas acho
que ninguém notou!
Ainda hoje falei desse dia à minha querida Ana Maria, porque
é nessas alturas que vemos como existem pessoas boas. Alguém veio mais cedo dar
banho à rita, alguém colocou as mesas, outros arrumaram a casa no fim da festa. Uns trouxeram
bolos, outros salgados, outros qualquer coisa para comer, ou simplesmente mão
de obra para o que fosse preciso. Num dia que podia ter sido marcado pela
doença, a minha filha presenciou o que de melhor temos para dar uns aos outros:
um bocadinho do nosso tempo e do nosso carinho e amizade.
Depois de ter estado esta terça-feira com o meu querido
oncologista, acho que este 5º aniversário da Rita será mais light, pelo menos para mim. Já tenho
cabelo, sem cancro e com força e alegria suficientes para organizar tudo. O meu
bom aspeto mantém-se e os exames têm comprovado que deverá estar tudo ok lá “dentro”. O plano agora é vigiar e continuar com a hormonoterapia. Preciso de limpar o cateter todos os meses, trocar dois dedos de prosa com o Dr. Leal e depois regresso a Aveiro com um sorriso nas trombas. A simpatia do meu oncologista e de toda a equipa faz-me voltar agora com um prazer renovado.
Não sou ingénua ao ponto de pensar que estou “livre”. Vivo o dia-a-dia e espero e peço um futuro sem
doença. Viver a vida, passear e ver a minha filha crescer. Talvez deva já
começar a organizar a festa da formatura….:)
Bjinho e sejam felizes.
PS. Sai bolinho, vizinha Lígia! Prepara-te para sexta.
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