Pois bem, de nada adianta publicar fotos no facebook e não dizer como faço.
Não invento a roda, apenas tento dar um toque mais saudável às coisas, por mim, pela Rita e pelo pai, ambos gulosos.
A receita original dos bolinhos de arroz implica manteiga, leite de vaca e açúcar branco. Foi principalmente aí que mexi, sendo que mantive a farinha de trigo, apesar de ter mexido também nas quantidades :)
Ingredientes já adaptados:
250 grs de farinha de arroz
100 grs de farinha de trigo
3 ovos
2 dl de leite (usei bebida de arroz)
1 c chá de fermento (ou bicarbonato de sódio)
80 grs de açúcar mascavado
80 grs de óleo de côco da Prozis (tem de ser, não é?) ou manteiga de côco da Vaqueiro
raspa de 1 limão
1 pitada de sal
Mexer o açúcar, o óleo e a raspa do limão. Adicionar os ovos um a um e mexer sempre.
Adicionar o leite em fio e envolver as farinhas, fermento e sal. Envolver tudo e deixar descansar 1h.
Depois é só colocar em forminhas de cupcake ou em formas cilíndricas (encher até 2/3), sempre ficarão mais parecidas com os que se compram nas pastelarias. Polvilhar com um bocadinho de açúcar mascavado e levar ao forno 20-25 minutos, a 200º.
Aqui os de casa podem não estar tão bonitos e altinhos, mas os "provadores" aprovaram. Na próxima talvez coloque mais um bocadinho de gordura ou deixe estar menos tempo no forno para ficarem mais húmidos. Deu para uns 20 bolinhos!
Bjinho
vera
Um cancro de mama diagnosticado aos 33 anos. Não procuro ser mais do que um exemplo de luta, mais uma "Maria" a encarar olhos nos olhos esta doença. Não sou a primeira, gostaria muito de ser a última mulher com esta doença. Infelizmente, não serei. Mas serei mais uma a dar armas às "Marias" que se virem confrontadas com este desencontro da vida.
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
Quase no fim
O ano de 2017 está quase a terminar. Para mim, em especial, mais um ano significa vida e esperança...de dezembro de 2013 com um diagnóstico de cancro violento a dezembro de 2017 com a vida a correr quase normalmente e a refazer-me das "feridas de guerra".
Parece que começou ainda ontem, mas a verdade é que, dia
após dia, a vida corre e leva o seu
rumo, como bem quer e entende. Não nos cabe a nós decidir o seu rumo, apenas vivê-la
o melhor que podemos e sabemos. Conheço
muita gente que ainda se julga capaz de a dominar e de decidir o seu rumo, como
se de um deus poderoso se tratasse. Não invejo essa gente…um dia aprenderão a
viver um dia de cada vez.
Assim espero o meu 2018. Com muita saúde, um dia de cada
vez, para todos.
Bjinho e bom 2018
Vera
Ps.- Consulta de rotina correu bem, apesar de estarmos já a ponderar um novo tratamento preventivo para "atrasar" os efeitos secundários da medicação hormonal. É caso para dizer que vou voltar a meter para a veia daqui a uns tempos, mas o que tem de ser, tem muita força :)
sábado, 25 de novembro de 2017
O tal do ministro!
Reconheço que pode não ser bem verdade, que por vezes o jornalismo interpreta as declarações, adapta-as a um discurso sensacionalista, cujo objetivo é vender. Feito este aparte, quando li a notícia do tal ministro indiano, lembrei-me de alguns nomes menos simpáticos para "elogiar" tal pessoa.
Dizer que ter cancro é uma questão de azar...ok, há cientistas que o dizem e que publicaram inclusivamente um artigo científico na Science sobre o assunto e que foi muito falado na imprensa, aqui há uns 2 anos atrás (link Público) .
Azar, sim, com azar eu concordo. A sorte não deve querer lá muita coisa quando escolhe alguém para ser injetado com líquidos que destroem a medula, que nos conseguem pôr o estômago em lugares estranhos, que nos fazem sentir sem força sequer para subir um lance de escadas sem arfar. Acho que a sorte não deve conhecer os prazeres de ser queimado por uma máquina de radioterapia...nem de sofrer com as cirurgias...nem deve sequer saber o que é ter de olhar para a família e dizer que temos cancro. Sim, a sorte não tem nada a ver com cancro. E se diz na Science que é azar, quem sou eu para discordar...
Azar sim, castigo divino é que já me parece um bocadinho exagerado, sr. Ministro!
Bjinho,
Vera
Ps: Fazendo o follow-up da cirugia, continuamos a tratar das cicatrizes e estamos agora mais alerta a outra situação. Alguns pontos internos decidiram "fagocitar", ou seja, formaram-se pequenos caroços ou cápsulas em volta dos pontos internos e provavelmente estão a acumular "lixo". Vamos dar algum tempo para o corpo se livrar disto, antes de pensar noutras estratégias. Se corresse tudo bem à primeira, não seria mesmo comigo. Deve ser do karma!
Dizer que ter cancro é uma questão de azar...ok, há cientistas que o dizem e que publicaram inclusivamente um artigo científico na Science sobre o assunto e que foi muito falado na imprensa, aqui há uns 2 anos atrás (link Público) .
Azar, sim, com azar eu concordo. A sorte não deve querer lá muita coisa quando escolhe alguém para ser injetado com líquidos que destroem a medula, que nos conseguem pôr o estômago em lugares estranhos, que nos fazem sentir sem força sequer para subir um lance de escadas sem arfar. Acho que a sorte não deve conhecer os prazeres de ser queimado por uma máquina de radioterapia...nem de sofrer com as cirurgias...nem deve sequer saber o que é ter de olhar para a família e dizer que temos cancro. Sim, a sorte não tem nada a ver com cancro. E se diz na Science que é azar, quem sou eu para discordar...
Azar sim, castigo divino é que já me parece um bocadinho exagerado, sr. Ministro!
Bjinho,
Vera
Ps: Fazendo o follow-up da cirugia, continuamos a tratar das cicatrizes e estamos agora mais alerta a outra situação. Alguns pontos internos decidiram "fagocitar", ou seja, formaram-se pequenos caroços ou cápsulas em volta dos pontos internos e provavelmente estão a acumular "lixo". Vamos dar algum tempo para o corpo se livrar disto, antes de pensar noutras estratégias. Se corresse tudo bem à primeira, não seria mesmo comigo. Deve ser do karma!
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
Life goes on
Está na altura de regressar à vida ativa e retomar os meus afazeres. Life goes on, como se costuma dizer. 26 dias depois da mastopexia, é caso para dizer que já não há perigo de queda, ainda que mantenha uma zona com algum hematoma e cicatrizes que me parecem verdes e frágeis, mas ainda vai demorar até me dar a sensação que não vai abrir a qualquer momento:)
Normalmente, o meu cirurgião dá-me um tempo de recuperação indicativo e eu desrespeito-o. Devo estar a ficar velha, o corpo já não recupera como antigamente (antes do cancro e todos os tratamentos) e levo um bocadinho mais a recuperar fisicamente. A sensação de cansaço vai-se atenuando e é preciso agora começar a voltar à normalidade para retemperar energias e vitalidade. A ginástica ainda terá de esperar mais uns dias, porque ainda estamos em fase de "libertação" das cicatrizes e é capaz de ser ligeiramente incómodo andar aos saltos.
Continuarei as massagens de drenagem linfática, com a querida Ágata, que por mais simpática que seja, me consegue assustar quando me deita as mãos em cima. É só uma massagem, de facto. Pena é que incide em cicatrizes e hematoma.
Estamos já em novembro. Este ano vai ficar na memória pelas 2 grandes cirurgias neste processo de reconstrução e de recomeço e no próximo ano espero conseguir finalizar o mesmo, já com intervenções menos invasivas e menos exigentes fisicamente.
Perguntei-me várias vezes se este era o caminho a percorrer, se valia a pena todo o sofrimento físico e psicológico. No fim do processo, darei uma resposta mais assertiva, mas neste momento tinha mesmo de o fazer. Por mim e por todos à minha volta, especialmente a Rita.
Em 2014, pouco antes da mastectomia, expliquei-lhe que o médico teria de tirar a mama, porque o "dói-dói" estava lá dentro. Ela tinha 4 anos, pouco entendia de doenças e de mamas, mas sabia que era uma parte de mim. A olho nu, a mama estava normal, por isso ainda mais estranho lhe parecia. Perguntou se eu ficava sem mama e eu disse que depois o médico fazia outra, quanto acabasse de tomar os "remédios maus".
No cancro de mama inflamatório, não é recomendado que se faça reconstrução imediata. A mama afetada tem de ser retirada, os tecidos bem escrutinados e limpos na caixa torácica e eliminar o máximo de pele possível...depois é bombardeada com muita radioterapia. É recomendado esperar no mínimo 2 anos até que se comece a pensar na reconstrução e nunca insisti nesse sentido com o meu oncologista. Demos quase 3 anos ao corpo e à pele para se regenerar, porque fiquei tão queimada que ainda hoje sei exatamente os limites da zona atingida pela radiação. Churrasquinho :)
Enfim, life goes on mesmo. Já estamos quase no fim do ano, o Natal está aí à porta e já posso voltar ao trabalho na segunda. Retenho dos dias bons as coisas boas e dos dias maus as coisas más. Não me consigo esquecer delas, até porque fazem parte deste caminho que não escolhi, mas que tenho de viver.
Bjinho,
Vera
Normalmente, o meu cirurgião dá-me um tempo de recuperação indicativo e eu desrespeito-o. Devo estar a ficar velha, o corpo já não recupera como antigamente (antes do cancro e todos os tratamentos) e levo um bocadinho mais a recuperar fisicamente. A sensação de cansaço vai-se atenuando e é preciso agora começar a voltar à normalidade para retemperar energias e vitalidade. A ginástica ainda terá de esperar mais uns dias, porque ainda estamos em fase de "libertação" das cicatrizes e é capaz de ser ligeiramente incómodo andar aos saltos.
Continuarei as massagens de drenagem linfática, com a querida Ágata, que por mais simpática que seja, me consegue assustar quando me deita as mãos em cima. É só uma massagem, de facto. Pena é que incide em cicatrizes e hematoma.
Estamos já em novembro. Este ano vai ficar na memória pelas 2 grandes cirurgias neste processo de reconstrução e de recomeço e no próximo ano espero conseguir finalizar o mesmo, já com intervenções menos invasivas e menos exigentes fisicamente.
Perguntei-me várias vezes se este era o caminho a percorrer, se valia a pena todo o sofrimento físico e psicológico. No fim do processo, darei uma resposta mais assertiva, mas neste momento tinha mesmo de o fazer. Por mim e por todos à minha volta, especialmente a Rita.
Em 2014, pouco antes da mastectomia, expliquei-lhe que o médico teria de tirar a mama, porque o "dói-dói" estava lá dentro. Ela tinha 4 anos, pouco entendia de doenças e de mamas, mas sabia que era uma parte de mim. A olho nu, a mama estava normal, por isso ainda mais estranho lhe parecia. Perguntou se eu ficava sem mama e eu disse que depois o médico fazia outra, quanto acabasse de tomar os "remédios maus".
No cancro de mama inflamatório, não é recomendado que se faça reconstrução imediata. A mama afetada tem de ser retirada, os tecidos bem escrutinados e limpos na caixa torácica e eliminar o máximo de pele possível...depois é bombardeada com muita radioterapia. É recomendado esperar no mínimo 2 anos até que se comece a pensar na reconstrução e nunca insisti nesse sentido com o meu oncologista. Demos quase 3 anos ao corpo e à pele para se regenerar, porque fiquei tão queimada que ainda hoje sei exatamente os limites da zona atingida pela radiação. Churrasquinho :)
Enfim, life goes on mesmo. Já estamos quase no fim do ano, o Natal está aí à porta e já posso voltar ao trabalho na segunda. Retenho dos dias bons as coisas boas e dos dias maus as coisas más. Não me consigo esquecer delas, até porque fazem parte deste caminho que não escolhi, mas que tenho de viver.
Bjinho,
Vera
sexta-feira, 20 de outubro de 2017
A amarelar
Terminaram as Lovenoxs, o antibiótico e os “pain killers” e
eu cá estou, 11 dias depois da cirurgia e já em regime semi-autónomo.
Para variar, tenho de vigiar as cicatrizes e edemas com
algum cuidado, porque como diz uma certa alentejana, este corpinho esbelto já
está farto de sofrer e demora um bocadinho mais a recuperar das invasões
plásticas. O corpo ainda está pisado, ainda dava umas belas fotos para o
catálogo da United Colours of Benetton, mas não há dores (desde que não
considere que posso fazer tudo o que quero).
Informação útil: estou a "amarelar" :)
Sinto-me mais equilibrada fisicamente e, apesar de repensar
as minhas opções sempre que acordo no recobro toda dorida e zombie, sinto que
estou no caminho certo. Sim, no caminho, porque isto ainda não acabou. Tudo a seu tempo, como deve ser.
Beijinho
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
Lovenox
Um Lovenox por dia, não sabe o bem que lhe fazia...menos naquela parte em que tens de espetar a agulha na tua perna!!!
Ps. É apenas enoxaparina, para evitar coágulos após a cirurgia😎
Ps. É apenas enoxaparina, para evitar coágulos após a cirurgia😎
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
Secound round: ouch!
Já no conforto de casa, reitero a posição que assumi
anteriormente em relação às plásticas….submeter-se a invasões destas só para
ficar mais “bonito” pode ser claramente assumido como um sinal de loucura.
Não quero com isto dizer que no meu caso também não exige um
pouco de loucura…ou até bastante se virmos bem as coisas. Poderia ter ficado
com o corpo que o cancro me deixou, mas a verdade é que passando aquele
primeiro impacto de “susto de morte”, a vida faz-nos querer mais qualquer
coisa…nem que o qualquer coisa seja só um soutien completo e uma camisola a
assentar direito.
Piadas à parte, na segunda-feira, pelas 16h entrei para o
bloco, para a segunda grande cirurgia, no que diz respeito à reconstrução
mamária por via de retalho abdominal (aka TRAM). Prevista para demorar mais ou
menos 1h, acabei por sair do bloco já mais tarde, perto das 18h. Sempre bem
recebida no bloco, com uma equipa de enfermagem muito carinhosa…uma delas até
se lembrava do meu TRAM…e da pele em mau estado. Yep, sempre bom deixar boas
recordações nas pessoas.
O que fui fazer desta vez?
Ora pois, cirurgia de simetrização (vulgo "equilibrar o velho
com o novo" ou mastopexia em termos técnicos), retificar algumas cicatrizes e colocar
uns pequenos shots de gordura na mama reconstruída para ficar mais “lindinha”. A
questão é… de onde vem a gordura num corpo não “cheio”?
Lipoaspiração…o segredo de beleza de muitas senhoras. E eu
só vos digo que estou toda pisada. Parece que fui atropelada por um camião. O
meu cirurgião escarafunchou os flancos e costas à procura da bendita gordurinha
boa…e pelas marcas que deixou, deve ter sido uma aventura.
Felizmente eu estava a dormir. Mais uma anestesia geral,
mais uns meses de falhas de memória, nomes que me vou esquecer, coisas que não
me vou lembrar de fazer…
Acordei bem da cirurgia e da anestesia, se bem que a noite
no hospital foi algo premonitória. Acordei, para variar, de madrugada cheia de
sangue…revivi o filme dos pontos rebentados imediatamente, mas não era nas
mamas felizmente, eram só uns buraquinhos da barriga a “verter”.
Às 6 da manhã vem a medicação e o barulho dos carros na rua
e lá se vai o sono de beleza. Ao contrário da cirurgia anterior (que envolveu o
corte na barriga), desta vez levantei-me suavemente com a ajuda do enfermeiro,
sem desmaios nem quebras de tensão súbitas. Conseguir ir ao wc é uma vitória.
Quando o médico me vem ver de manhã, vi no olhar dele que
algo não estava bem...a mama “velha” estava estranhamente volumosa. Já o tinha
sentido quando acordei, mas pensei que fossem paranóias da minha cabeça. Com
tanto medo de formar hematoma ou seroma, pensei que estava a imaginar coisas,
mas não estava mesmo. Tenho de vigiar bem, tentar colocar algum gelo e caso
note mais alguma alteração a nível de cor ou volume, tenho de ir ter com o
médico para ele “aspirar”…esta palavra até me deu arrepios….aspirar???
Dormi mal esta noite e não foi só pelas dores nas costas,
bacia, barriga e afins… acordei umas 4 vezes para colocar pomada e ver como
estava a evoluir. Parece que não houve evolução no sentido negativo, o que é
muito bom neste momento. Nem tudo corre bem à primeira, pelo menos comigo. Tem
de haver sempre esta emoção.
Com a minha mãe a querer alimentar-me tipo ganso na França,
apenas posso dizer que na próxima lipoaspiração, já devo ter gordura para mais “shots”
de gordura.
Obrigado pelas mensagens de apoio.
Beijinho
Vera
sábado, 7 de outubro de 2017
Em estágio
Estou em estágio e não, não é pelo facto de o nosso Illiabum jogar hoje no Dragão Caixa, até porque a Rita já disse que o Illiabum vai ganhar ao Porto hoje. Assim esperamos, equipa!
Estou em estágio, na verdade porque se aproxima a segunda cirurgia. Na máquina de lavar, fazem-se as últimas lavagens de pijamas, cintas, soutiens pós-cirúrgicos e meias....as benditas meias de compressão que me custaram os olhos da cara. Sorte a delas que eu não sou uma mulher violenta, porque se há coisa desconfortável de usar, são mesmo as meias de compressão altamente sexys!
Amanhã é dia de fazer a mala, para mais um dia no hotel.
Wish me luck!
Bjinho e curtam o sol, porque a vitamina D faz muita falta ao nosso organismo!
Estou em estágio, na verdade porque se aproxima a segunda cirurgia. Na máquina de lavar, fazem-se as últimas lavagens de pijamas, cintas, soutiens pós-cirúrgicos e meias....as benditas meias de compressão que me custaram os olhos da cara. Sorte a delas que eu não sou uma mulher violenta, porque se há coisa desconfortável de usar, são mesmo as meias de compressão altamente sexys!
Amanhã é dia de fazer a mala, para mais um dia no hotel.
Wish me luck!
Bjinho e curtam o sol, porque a vitamina D faz muita falta ao nosso organismo!
segunda-feira, 11 de setembro de 2017
Próxima faca, por favor!
Há por aí quem diga que eu lhe tomei o gosto....andar sempre em médicos, em revisões, em constante sobressalto. Sempre fui de ideias firmes, lá está!
Faço, de facto, revisões muito rotineiras e pouco espaçadas no tempo, porque o cancro inflamatório da mama não é propriamente a coisa mais simpática do mundo e para ter paz de espírito, preciso de seguir esta rotina.
Por vezes, no caminho para o consultório médico, cruzam-se pensamentos otimistas e pessimistas ao mesmo tempo, entremeados por algumas piadas que se vai ouvindo da rádio, no meu caso das manhãs da Comercial. O sobressalto e o medo levam-me muitas vezes a caminhos do pensamento menos simpáticos. Quem já apanhou o verdadeiro "cagaço", sabe do que falo. Os outros imaginam, ou tentam, ou ignoram pessoas como eu, porque lhes lembramos que são mortais.
Pois bem, hoje fui a mais uma revisão, desta vez da cirurgia plástica. 6 meses depois do primeiro corte e costura, tenho carta verde para a segunda intervenção, que vai acontecer em breve. Sempre disse que estas questões não me perturbavam como a oncologia, mas hoje senti um estranho "aperto" antes de entrar para a consulta do Dr. Conde. Parecia que ia prestar provas públicas de alguma coisa....e afinal, era o membro que estava a ser avaliado, e não eu:)
Passou, mas não atingiu a nota máxima. Como se esforçou pouco na altura do hematoma e por não ter exigido mais da pele queimada pela radioterapia (denote-se ironia da minha parte), vamos de a trabalhar mais um pouco nesta segunda intervenção, se bem que a maior parte do trabalho do cirurgião será dedicado à simetrização. Desta vez, a cicatriz vai ser em forma de âncora, até porque já estou sem espaço para grandes retas:)
Bota mais uma estadia no hotel:)
Bjinho
vera
Faço, de facto, revisões muito rotineiras e pouco espaçadas no tempo, porque o cancro inflamatório da mama não é propriamente a coisa mais simpática do mundo e para ter paz de espírito, preciso de seguir esta rotina.
Por vezes, no caminho para o consultório médico, cruzam-se pensamentos otimistas e pessimistas ao mesmo tempo, entremeados por algumas piadas que se vai ouvindo da rádio, no meu caso das manhãs da Comercial. O sobressalto e o medo levam-me muitas vezes a caminhos do pensamento menos simpáticos. Quem já apanhou o verdadeiro "cagaço", sabe do que falo. Os outros imaginam, ou tentam, ou ignoram pessoas como eu, porque lhes lembramos que são mortais.
Pois bem, hoje fui a mais uma revisão, desta vez da cirurgia plástica. 6 meses depois do primeiro corte e costura, tenho carta verde para a segunda intervenção, que vai acontecer em breve. Sempre disse que estas questões não me perturbavam como a oncologia, mas hoje senti um estranho "aperto" antes de entrar para a consulta do Dr. Conde. Parecia que ia prestar provas públicas de alguma coisa....e afinal, era o membro que estava a ser avaliado, e não eu:)
Passou, mas não atingiu a nota máxima. Como se esforçou pouco na altura do hematoma e por não ter exigido mais da pele queimada pela radioterapia (denote-se ironia da minha parte), vamos de a trabalhar mais um pouco nesta segunda intervenção, se bem que a maior parte do trabalho do cirurgião será dedicado à simetrização. Desta vez, a cicatriz vai ser em forma de âncora, até porque já estou sem espaço para grandes retas:)
Bota mais uma estadia no hotel:)
Bjinho
vera
sexta-feira, 8 de setembro de 2017
Dia do fisioterapeuta
Parece que agora há dias para tudo e mais um par de botas atualmente.
Dia do João, do Pedro, da Maria e do Manuel....e hoje é dia do fisioterapeuta, segundo consta.
Pois, parece que vou ter de elogiar a minha fisioterapeuta, senão ela depois vinga-se de mim e acreditem...com pequenos gestos que me pareciam inofensivos há uns tempos, apetece-me berrar em certas alturas, ou simplesmente bater-lhe com o braço que está livre, mas...tenho mesmo de me controlar para evitar ofensas corporais à terapeuta.
Vou tendo sempre sorte com as pessoas que encontro nesta aventura do cancro (exceptuando a equipa médica do hospital onde me tentei tratar inicialmente). E com a fisioterapia também tive essa sorte. Pessoas que aliam a capacidade técnica à boa vontade, à simpatia e à amizade com os pacientes.
A Stela, logo após a mastectomia e radioterapia, que tinha imenso cuidado comigo para não rasgar ainda mais a pele e me fazia sempre ficar bem disposta com o seu bom humor e capacidade de ver o copo sempre meio-cheio (e não meio-vazio). Ainda hoje a Rita me fala da massagem que a Stela lhe ensinou a fazer às mãos da mamã.
Mais recente, a Mónica tem ajudado a libertar movimentos, tecidos e outras coisas estranhas derivadas da reconstrução mamária. O fisioterapeuta desempenha um papel fundamental nestes processos, e ainda que fisicamente às vezes, ela me leve a querer espancá-la, a verdade é que a evolução sente-se de forma contínua e é com esse foco que a visito 3x por semana. Por isso, e pelos seus lindos olhos :)
Obrigado a ambas, porque de facto não é preciso ser só bom tecnicamente. É preciso saber cuidar e ser boa pessoa para o paciente se sentir seguro convosco.
Beijinho,
Vera
Dia do João, do Pedro, da Maria e do Manuel....e hoje é dia do fisioterapeuta, segundo consta.
Pois, parece que vou ter de elogiar a minha fisioterapeuta, senão ela depois vinga-se de mim e acreditem...com pequenos gestos que me pareciam inofensivos há uns tempos, apetece-me berrar em certas alturas, ou simplesmente bater-lhe com o braço que está livre, mas...tenho mesmo de me controlar para evitar ofensas corporais à terapeuta.
Vou tendo sempre sorte com as pessoas que encontro nesta aventura do cancro (exceptuando a equipa médica do hospital onde me tentei tratar inicialmente). E com a fisioterapia também tive essa sorte. Pessoas que aliam a capacidade técnica à boa vontade, à simpatia e à amizade com os pacientes.
A Stela, logo após a mastectomia e radioterapia, que tinha imenso cuidado comigo para não rasgar ainda mais a pele e me fazia sempre ficar bem disposta com o seu bom humor e capacidade de ver o copo sempre meio-cheio (e não meio-vazio). Ainda hoje a Rita me fala da massagem que a Stela lhe ensinou a fazer às mãos da mamã.
Mais recente, a Mónica tem ajudado a libertar movimentos, tecidos e outras coisas estranhas derivadas da reconstrução mamária. O fisioterapeuta desempenha um papel fundamental nestes processos, e ainda que fisicamente às vezes, ela me leve a querer espancá-la, a verdade é que a evolução sente-se de forma contínua e é com esse foco que a visito 3x por semana. Por isso, e pelos seus lindos olhos :)
Obrigado a ambas, porque de facto não é preciso ser só bom tecnicamente. É preciso saber cuidar e ser boa pessoa para o paciente se sentir seguro convosco.
Beijinho,
Vera
segunda-feira, 7 de agosto de 2017
Back to beginning
Há uns dias atrás, recebi um abraço forte. Vieram dar-me um abraço ao meu local de trabalho e foi tão bom, tão sincero e carinhoso. Alguém com quem eu falara apenas virtualmente, alguém que também experimentou as "alegrias" de um cancro de mama. Independentemente da idade, da experiência de vida, da profissão, da terra, sentimos necessidade de ouvir histórias positivas...e este abraço veio de alguém com quem eu tinha falado em tempos idos.
Apoiamo-nos mutuamente, como uma espécie de aliança secreta, muitas vezes nos manhosos chats e messengers que por aí surgem instalados em todos os telemóveis. Hoje conheci mais uma mulher, mais uma que daqui a uns tempos me virá, espero eu, dar um abraço a Aveiro.
Disse a essa nova guerreira para ler o meu blog, porque o caso é semelhante, infelizmente.O cancro inflamatório da mama é raro, mas ultimamente começa a atacar cada vez mais mulheres e cada vez mais cedo, muitas em amamentação, ou pouco depois disso.
E hoje, ao reler as minhas primeiras entradas (com medo que a nova guerreira se assustasse com o relato), senti necessidade de voltar a repor o velhinho template...o rosinha desbotado que tanto me acompanhou neste caminho e que me faz mais sentido para poder aceder a todo o historial.
São quase 4 anos de relato. E fico feliz por saber que, algures, o propósito inicial do meu blog está a ser cumprido.
"Se eu puder sossegar uma "Maria" que seja neste país, já sentirei que o esforço valeu a pena."
Vera, 1ª entrada do blog a 14 de janeiro de 2014, link
Apoiamo-nos mutuamente, como uma espécie de aliança secreta, muitas vezes nos manhosos chats e messengers que por aí surgem instalados em todos os telemóveis. Hoje conheci mais uma mulher, mais uma que daqui a uns tempos me virá, espero eu, dar um abraço a Aveiro.
Disse a essa nova guerreira para ler o meu blog, porque o caso é semelhante, infelizmente.O cancro inflamatório da mama é raro, mas ultimamente começa a atacar cada vez mais mulheres e cada vez mais cedo, muitas em amamentação, ou pouco depois disso.
E hoje, ao reler as minhas primeiras entradas (com medo que a nova guerreira se assustasse com o relato), senti necessidade de voltar a repor o velhinho template...o rosinha desbotado que tanto me acompanhou neste caminho e que me faz mais sentido para poder aceder a todo o historial.
São quase 4 anos de relato. E fico feliz por saber que, algures, o propósito inicial do meu blog está a ser cumprido.
"Se eu puder sossegar uma "Maria" que seja neste país, já sentirei que o esforço valeu a pena."
Vera, 1ª entrada do blog a 14 de janeiro de 2014, link
quinta-feira, 3 de agosto de 2017
Osteodensitometria e rapariga :)
Tempo de fazer exames semestrais, de ver como anda o corpo. Vai esta donzela, formosa e não segura, buscar os resultados. Quase 3 anos depois, e ainda vou em modo automático buscar os resultados e abrir os mesmos. Será que algum dia esta sensação se vai atenuar?
Comecei há pouco tempo a fazer os exames (a maioria, pelo menos) aqui em Aveiro. Identifico-me na clínica e digo que estou ali para levantar uma ecografia mamária e uma osteodensitometria. Fico à espera, enquanto observo a menina com as unhas gigantescas a tentar apanhar os envelopes (ainda não percebi esta das unhas pontiagudas enormes).
A funcionária pede-me novamente o nome para ver a pilha das osteodensitometrias...e pergunta se é para a minha mãe ou avó....nops, para mim mesmo, respondo eu. E ela, do alto dos seus 20 e poucos anos, diz que não é normal uma rapariga tão jovem como eu pedir este exame e pensou que tinha percebido mal...
Rapariga tão jovem...afinal parece que o creme anti-rugas do Lidl funciona mesmo!
Lá saí eu a sorrir da clínica, ainda com os envelopes fechados...nada como ver o lado bom das coisas.
Ecografia ok, ossos a continuar a perder densidade, fruto da medicação hormonal. Nada a fazer, apenas exercício e suplementação de cálcio e vitamina D para atrasar a perda da massa óssea.
Pequenos e grandes efeitos secundários dos tratamentos oncológicos, mas aqui a rapariga jovem vai-se aguentando:)
Bjinho
vera
Comecei há pouco tempo a fazer os exames (a maioria, pelo menos) aqui em Aveiro. Identifico-me na clínica e digo que estou ali para levantar uma ecografia mamária e uma osteodensitometria. Fico à espera, enquanto observo a menina com as unhas gigantescas a tentar apanhar os envelopes (ainda não percebi esta das unhas pontiagudas enormes).
A funcionária pede-me novamente o nome para ver a pilha das osteodensitometrias...e pergunta se é para a minha mãe ou avó....nops, para mim mesmo, respondo eu. E ela, do alto dos seus 20 e poucos anos, diz que não é normal uma rapariga tão jovem como eu pedir este exame e pensou que tinha percebido mal...
Rapariga tão jovem...afinal parece que o creme anti-rugas do Lidl funciona mesmo!
Lá saí eu a sorrir da clínica, ainda com os envelopes fechados...nada como ver o lado bom das coisas.
Ecografia ok, ossos a continuar a perder densidade, fruto da medicação hormonal. Nada a fazer, apenas exercício e suplementação de cálcio e vitamina D para atrasar a perda da massa óssea.
Pequenos e grandes efeitos secundários dos tratamentos oncológicos, mas aqui a rapariga jovem vai-se aguentando:)
Bjinho
vera
segunda-feira, 10 de julho de 2017
Estados de espírito
Já lá vão umas semanitas desde o último post no blog. Cansaço, falta de tempo, falta de vontade para me sentar no pc à noite, falta de vontade de partilhar alguns momentos e estados de espírito. Nem sempre me sinto com vontade de partilhar, ao contrário do que algumas pessoas pensam. Ter este blog para mim é uma maneira de partilhar a existência do cancro de mama inflamatório, de alertar, de fazer com que as pessoas tenham mais cuidado com a sua saúde.
Sim, é um facto que também satisfaz curiosidade mórbida de certas pessoas. A essas, os meus mais sinceros cumprimentos irónicos. Às que olham para mim a tentar jogar o "find the difference", faço-vos um gesto mentalmente. Às que me fazem perguntas diretamente, obrigado pela sinceridade. Prefiro essa abordagem.
O mês de junho foi estranhamente cansativo. Voltei ao trabalho, e apesar de não ter um trabalho fisicamente exaustivo, houve dias em que parecia ter sido atropelada por uma Bulldozer...cá entre nós, eu acho que o meu cérebro deve ter a mania que ainda tenho 25 anos e que recuperar de cirurgias e anestesias é canja!
A verdade é que pouco depois de um mês de trabalho, parei já uma semana e apesar de ter chovido a maior parte dos dias e de ter compromissos com dentistas e afins, soube muito bem este interregno para recuperar energia. Ando em "low battery mode", mas isto recupera-se agora com o sol e o calor.
Fez na sexta-feira 4 meses que fui operada. Recuando no tempo, lembro-me agora que 3 dias depois já conseguia ir ao wc sozinha, sem tombar para o lado tipo gelatina. Tenho de apontar no meu caderninho mental que para a próxima cirurgia tenho de aprender a cair melhor, assim de uma maneira mais à Hollywood :)
De resto, tudo tem seguido o curso natural. Mantenho a fisioterapia, agora 3 vezes por semana, com uma fisioterapeuta muito querida, aqui em Aveiro. Por motivos de força maior, tive de interromper por agora os outros tratamentos no Porto...não dá para conciliar tudo, deixei de tentar ser uma super-mulher e não tenho amigos no BES. Vamos aqui afinando o que se pode e preparando o corpo para a próxima cirurgia.
Pode ser que no próximo verão já possa fazer praia...sim, as mamas reconstruídas podem ir à água!
Bjinhos,
Vera
Sim, é um facto que também satisfaz curiosidade mórbida de certas pessoas. A essas, os meus mais sinceros cumprimentos irónicos. Às que olham para mim a tentar jogar o "find the difference", faço-vos um gesto mentalmente. Às que me fazem perguntas diretamente, obrigado pela sinceridade. Prefiro essa abordagem.
O mês de junho foi estranhamente cansativo. Voltei ao trabalho, e apesar de não ter um trabalho fisicamente exaustivo, houve dias em que parecia ter sido atropelada por uma Bulldozer...cá entre nós, eu acho que o meu cérebro deve ter a mania que ainda tenho 25 anos e que recuperar de cirurgias e anestesias é canja!
A verdade é que pouco depois de um mês de trabalho, parei já uma semana e apesar de ter chovido a maior parte dos dias e de ter compromissos com dentistas e afins, soube muito bem este interregno para recuperar energia. Ando em "low battery mode", mas isto recupera-se agora com o sol e o calor.
Fez na sexta-feira 4 meses que fui operada. Recuando no tempo, lembro-me agora que 3 dias depois já conseguia ir ao wc sozinha, sem tombar para o lado tipo gelatina. Tenho de apontar no meu caderninho mental que para a próxima cirurgia tenho de aprender a cair melhor, assim de uma maneira mais à Hollywood :)
De resto, tudo tem seguido o curso natural. Mantenho a fisioterapia, agora 3 vezes por semana, com uma fisioterapeuta muito querida, aqui em Aveiro. Por motivos de força maior, tive de interromper por agora os outros tratamentos no Porto...não dá para conciliar tudo, deixei de tentar ser uma super-mulher e não tenho amigos no BES. Vamos aqui afinando o que se pode e preparando o corpo para a próxima cirurgia.
Pode ser que no próximo verão já possa fazer praia...sim, as mamas reconstruídas podem ir à água!
Bjinhos,
Vera
terça-feira, 30 de maio de 2017
One in a Million
A Terry hoje pediu a todas as mulheres do grupo para divulgar o cancro inflamatório da mama e todo o trabalho que a fundação financia. Precisamos de financiar mais investigação, mais ensaios clínicos, porque o facto de ser raro, retira-lhe toda a prioridade em termos de financiamento.
Se tiverem 12 minutos, ouçam este vídeo dela, o porquê de estar a fazer todo este trabalho e de divulgar os sintomas deste tipo de cancro, de financiar investigação dedicada, de dar voz a quem foi mal-diagnosticada ou a quem já morreu.
Só para registo, aqui em Portugal, já expliquei este tipo de cancro a muitos profissionais de saúde...médicos inclusive!
O vídeo da Terry gravado hoje
https://www.facebook.com/terry.lynn.arnold/videos/10212360753349680/
Mais acerca da rede
https://www.theibcnetwork.org/
Mais acerca da campanha por financiamento de investigação
https://www.firstgiving.com/huntforhope/one-in-a-million
Beijinho,
Vera
Se tiverem 12 minutos, ouçam este vídeo dela, o porquê de estar a fazer todo este trabalho e de divulgar os sintomas deste tipo de cancro, de financiar investigação dedicada, de dar voz a quem foi mal-diagnosticada ou a quem já morreu.
Só para registo, aqui em Portugal, já expliquei este tipo de cancro a muitos profissionais de saúde...médicos inclusive!
O vídeo da Terry gravado hoje
https://www.facebook.com/terry.lynn.arnold/videos/10212360753349680/
Mais acerca da rede
https://www.theibcnetwork.org/
Mais acerca da campanha por financiamento de investigação
https://www.firstgiving.com/huntforhope/one-in-a-million
Beijinho,
Vera
sexta-feira, 26 de maio de 2017
Ad eternum.
Sim, presume-se que a fisioterapia me vai acompanhar por muitos anos, e isso será um ótimo sinal, se é que me entendem.
Sessão número 26 desta série pós-reconstrução a começar daqui a bocadinho. Braço muito mais funcional, aderências e fibroses a cederem lentamente, mas a ceder.
Tenho de ver o copo sempre meio cheio, senão perco a minha sanidade mental. Tanta gente por aí que só vê os copos meio vazios, sem necessidade nenhuma.
Beijinhos
vera
Ps. Ignorando as dores físicas, o que magoa mais na fisioterapia é quando chamam por "vera mónica" no corredor.
Sessão número 26 desta série pós-reconstrução a começar daqui a bocadinho. Braço muito mais funcional, aderências e fibroses a cederem lentamente, mas a ceder.
Tenho de ver o copo sempre meio cheio, senão perco a minha sanidade mental. Tanta gente por aí que só vê os copos meio vazios, sem necessidade nenhuma.
Beijinhos
vera
quinta-feira, 18 de maio de 2017
Aparências
Lição do dia: não julgar um livro pela capa!
Hoje de manhã, estou eu na fisioterapia a fazer os meus exercícios e vejo um senhor já nos seus 70 anos, ou mais talvez, na bicicleta de mãos sem saber ligar a dita cuja.
Aqui a boa samaritana levanta-se e vai lá ajudar o senhor a iniciar o exercício. Volto as costas e penso que ele vai iniciar devagarinho, com pouca vontade de completar o exercício, como muitos dos outros pacientes que lá vejo.
Tinha eu terminado esse exercício com cerca de 77 rpm, sem o meu braço se queixar, e eis que quando me volto a sentar no meu exercício, vejo o senhor a "pedalar" a alta velocidade (78-79 rpm), cheio de vida e com um à vontade natural.
Amanhã vou ter de me esforçar, pelo menos para o conseguir acompanhar e não perder a corrida!
:)
Vera
Hoje de manhã, estou eu na fisioterapia a fazer os meus exercícios e vejo um senhor já nos seus 70 anos, ou mais talvez, na bicicleta de mãos sem saber ligar a dita cuja.
Aqui a boa samaritana levanta-se e vai lá ajudar o senhor a iniciar o exercício. Volto as costas e penso que ele vai iniciar devagarinho, com pouca vontade de completar o exercício, como muitos dos outros pacientes que lá vejo.
Tinha eu terminado esse exercício com cerca de 77 rpm, sem o meu braço se queixar, e eis que quando me volto a sentar no meu exercício, vejo o senhor a "pedalar" a alta velocidade (78-79 rpm), cheio de vida e com um à vontade natural.
Amanhã vou ter de me esforçar, pelo menos para o conseguir acompanhar e não perder a corrida!
:)
Vera
quarta-feira, 17 de maio de 2017
Porquê divulgar?
Em 2013 andei às aranhas por causa de um "problema" na mama que não era facilmente identificável, vi médicos a espantarem-se pelo seu rápido crescimento e progressão, senti que era uma espécie de bicho de 7 cabeças a quem um sub-tipo raro de cancro de mama estava a atacar.
Esse sub-tipo é raro, maioritariamente desconhecido e perigosamente rápido a atingir o seu fim. Nestes últimos dias, temos recebido quase diariamente notícias menos boas nos fóruns americanos e britânicos que sigo.
Sei que vale a pena continuar a falar sobre o cancro inflamatório da mama, porque ainda esta semana me disseram que viram o meu post e que não conheciam este "bicho". Mais uma mulher informada, mais uma que estará mais alerta para as alterações do peito.
Já falei em posts anteriores sobre o cancro inflamatório, também conhecido por mastite carcinomatose... e volto a relembrar os seus sintomas através da imagem. Dizem que valem por 1000 palavras.
Cuidem-se.
Bjinho,
Vera
Ps: As fibroses continuam a ceder, com muito trabalhinho meu, da fisioterapeuta Mónica (CMM Aveiro) e da terapeuta Ágata nos Lusíadas-Porto. Aguenta corpo, já faltou bem mais para atingir uma pseudo-normalidade.
Esse sub-tipo é raro, maioritariamente desconhecido e perigosamente rápido a atingir o seu fim. Nestes últimos dias, temos recebido quase diariamente notícias menos boas nos fóruns americanos e britânicos que sigo.
Sei que vale a pena continuar a falar sobre o cancro inflamatório da mama, porque ainda esta semana me disseram que viram o meu post e que não conheciam este "bicho". Mais uma mulher informada, mais uma que estará mais alerta para as alterações do peito.
Já falei em posts anteriores sobre o cancro inflamatório, também conhecido por mastite carcinomatose... e volto a relembrar os seus sintomas através da imagem. Dizem que valem por 1000 palavras.
Cuidem-se.
Bjinho,
Vera
Ps: As fibroses continuam a ceder, com muito trabalhinho meu, da fisioterapeuta Mónica (CMM Aveiro) e da terapeuta Ágata nos Lusíadas-Porto. Aguenta corpo, já faltou bem mais para atingir uma pseudo-normalidade.
terça-feira, 9 de maio de 2017
Fibroses, aderências e fisioterapia!
2 meses e 2 dias após a cirurgia e ainda ando entretida com esta vida de "dondoca" das plásticas.
Tinha eu estimado inicialmente que já estaria quase "fit" nesta altura. Deve ser por estas e por outras que ainda não ganhei o Euromilhões. Não acerto lá muito nestas coisas da adivinhação...
As fibroses e aderências têm-me dado o que fazer. Depois de o novo membro estar em condições de ser mexido, iniciamos a fisioterapia diária e as drenagens e massagens para lhe dar alguma flexibilidade e mobilidade, porque formou-se muita fibrose e houve aderências dos tecidos ao músculo peitoral e às costelas. Limitou a amplitude do braço e a sensação de algo não natural no peito. Uma espécie de implante de silicone que não tenho, na verdade.
Entretanto, com a minha querida fisioterapeuta Mónica a massacrar-me diariamente e com os tratamentos de laser e "vácuo" pela simpática Ágata, já se notam bastantes progressos e mais naturalidade nos tecidos "transplantados".
No entanto, ainda vou sofrer mais uns tempos. A fisioterapia vai prolongar-se até que eu consiga parar de ameaçar a integridade física da fisioterapeuta sempre que ela me puxa ou estica certas zonas.
A segunda cirurgia ainda vai demorar, porque este corpinho esbelto precisa de se recompôr primeiro. Comecei já ontem a fazer exercícios para fortalecer a parte muscular e recuperar a forcinha:)
De resto, tal como no cancro, coisas positivas resultam da cirurgia. Já vou sozinha para o Porto, muito ao estilo robocop, com as estradas para o hospital memorizadas. Se um dia tiver de fazer um desvio, alguém me vai buscar lá ao meio, please.
Beijinho,
Vera
Ps- O basquetebol persegue-me desde que a Rita se apaixonou pela modalidade. Diz-me o médico fisiatra na semana passada que eu devia lançar umas bolas de basquetebol para ajudar a libertar os músculos do peito!
Tinha eu estimado inicialmente que já estaria quase "fit" nesta altura. Deve ser por estas e por outras que ainda não ganhei o Euromilhões. Não acerto lá muito nestas coisas da adivinhação...
As fibroses e aderências têm-me dado o que fazer. Depois de o novo membro estar em condições de ser mexido, iniciamos a fisioterapia diária e as drenagens e massagens para lhe dar alguma flexibilidade e mobilidade, porque formou-se muita fibrose e houve aderências dos tecidos ao músculo peitoral e às costelas. Limitou a amplitude do braço e a sensação de algo não natural no peito. Uma espécie de implante de silicone que não tenho, na verdade.
Entretanto, com a minha querida fisioterapeuta Mónica a massacrar-me diariamente e com os tratamentos de laser e "vácuo" pela simpática Ágata, já se notam bastantes progressos e mais naturalidade nos tecidos "transplantados".
No entanto, ainda vou sofrer mais uns tempos. A fisioterapia vai prolongar-se até que eu consiga parar de ameaçar a integridade física da fisioterapeuta sempre que ela me puxa ou estica certas zonas.
A segunda cirurgia ainda vai demorar, porque este corpinho esbelto precisa de se recompôr primeiro. Comecei já ontem a fazer exercícios para fortalecer a parte muscular e recuperar a forcinha:)
De resto, tal como no cancro, coisas positivas resultam da cirurgia. Já vou sozinha para o Porto, muito ao estilo robocop, com as estradas para o hospital memorizadas. Se um dia tiver de fazer um desvio, alguém me vai buscar lá ao meio, please.
Beijinho,
Vera
Ps- O basquetebol persegue-me desde que a Rita se apaixonou pela modalidade. Diz-me o médico fisiatra na semana passada que eu devia lançar umas bolas de basquetebol para ajudar a libertar os músculos do peito!
segunda-feira, 17 de abril de 2017
42 dias de...penso!
É isso mesmo...sempre que penso que já se passaram 42 dias após cirurgia, também penso nos "pensos" que tenho feito diariamente. Tem sido dias e dias a fio a fazer penso numa das zonas em que rebentaram os pontos inicialmente e depois o hematoma. Não é que doa, porque de facto não dói ( a não ser aquela parte em que o Dr. Conde me espremeu manualmente e depois a bendita drenagem).
Não dói, mas é chato para caraças. É a prova que não vale a pena planear nada, porque não é a nossa vontade que determina o sucesso ou insucesso das coisas, nem o rumo que queremos tomar. É a própria sorte ao jogo, ou o azar talvez.
Ainda hoje escrevia a uma das minhas amigas americanas (a fundadora do grupo de apoio) que ainda não há "regrets" aqui por este lado, mas não é tudo um mar de rosas, como deveria ser. Por lá também não. Ela foi operada no mesmo dia que eu e fez reconstrução bi-lateral após vários anos sem sequer equacionar sujeitar-se a esta cirurgia. Estava tudo a correr lindamente com ela e fiquei feliz por ela, porque ela merece tudo de bom. Fomos sempre comunicando e eu ia-lhe enviando fotografias do meu caso para ela acompanhar e aconselhar, como tem feito ao longo destes 3 anos.
Após 42 dias, eu consegui acordar hoje com o penso limpo. Olhei umas 3 vezes para ter a certeza...espero que seja desta, porque sem isto estar resolvido, não podemos avançar para os passos seguintes (drenagem linfática e massagem localizada). Estava para lhe enviar mensagem com essa informação e vejo um post dela com a informação que teve um seroma (=acumulação de líquido) na cicatriz do abdómen.
Olhei para a minha cicatriz abdominal (36 cm de puro prazer) e proibi-a de se armar aos cágados!
Já tive a minha quota parte de pensos! Desinfeta mãos, limpa área, aplica creme, gaze esterilizada, penso a fechar...Qualquer dia tenho equivalência à licenciatura em enfermagem..se os outros têm equivalências, também posso ter, certo?
Bjinho,
Vera
Ps. Amanhã inicio as sessões de fisioterapia para recuperar mobilidade e amplitude no braço direito. Não é que a besta de uma fibrose se foi formar ali bem perto do músculo peitoral e me bloqueia os movimentos? Devo ter mesmo muita sorte ao amor...
Não dói, mas é chato para caraças. É a prova que não vale a pena planear nada, porque não é a nossa vontade que determina o sucesso ou insucesso das coisas, nem o rumo que queremos tomar. É a própria sorte ao jogo, ou o azar talvez.
Ainda hoje escrevia a uma das minhas amigas americanas (a fundadora do grupo de apoio) que ainda não há "regrets" aqui por este lado, mas não é tudo um mar de rosas, como deveria ser. Por lá também não. Ela foi operada no mesmo dia que eu e fez reconstrução bi-lateral após vários anos sem sequer equacionar sujeitar-se a esta cirurgia. Estava tudo a correr lindamente com ela e fiquei feliz por ela, porque ela merece tudo de bom. Fomos sempre comunicando e eu ia-lhe enviando fotografias do meu caso para ela acompanhar e aconselhar, como tem feito ao longo destes 3 anos.
Após 42 dias, eu consegui acordar hoje com o penso limpo. Olhei umas 3 vezes para ter a certeza...espero que seja desta, porque sem isto estar resolvido, não podemos avançar para os passos seguintes (drenagem linfática e massagem localizada). Estava para lhe enviar mensagem com essa informação e vejo um post dela com a informação que teve um seroma (=acumulação de líquido) na cicatriz do abdómen.
Olhei para a minha cicatriz abdominal (36 cm de puro prazer) e proibi-a de se armar aos cágados!
Já tive a minha quota parte de pensos! Desinfeta mãos, limpa área, aplica creme, gaze esterilizada, penso a fechar...Qualquer dia tenho equivalência à licenciatura em enfermagem..se os outros têm equivalências, também posso ter, certo?
Bjinho,
Vera
Ps. Amanhã inicio as sessões de fisioterapia para recuperar mobilidade e amplitude no braço direito. Não é que a besta de uma fibrose se foi formar ali bem perto do músculo peitoral e me bloqueia os movimentos? Devo ter mesmo muita sorte ao amor...
sábado, 8 de abril de 2017
Praia e espartilho
Um mês e dois dias após a cirurgia, voltei a ter "vida social", ainda que ainda com um bocado de receio de cair, de alguém me dar um encontrão ou qualquer coisa do género. Não há planos de recuperação perfeitos, tive já algumas complicaçõezitas espontâneas, por isso não quero provocar quaisquer outras. No entanto, hoje foi dia de alguma normalidade pré-operatória.
A Costa Nova hoje estava mais agradável do que em alguns dias de verão. A praia e o sol estavam ótimos, deu até para molhar os pés e tentar aumentar os meus níveis de vitamina D.
Eu, a Rita, o charmoso e o meu "espartilho" a apanhar sol!
Depois de uma reconstrução TRAM, é recomendado o uso de uma cinta (aka espartilho, objeto de tortura, espremedor, torturete, etc.), por um período que pode ir até largos meses após cirurgia, mínimo 3-4 meses, segundo consta. Ainda só passou 1 mês e eu já tenho pena das mulheres da era vitoriana e outras que vestiam coisas apertadas debaixo da roupa por sistema...
Só se pode tirar a cinta para dormir, o que dá uma média de 16h diárias com o estômago colado às costas, costelas a empurrar os pulmões e barriga semi-comprimida a tentar ajustar-se à falta de músculo (uma parte do músculo é usada para "alimentar" a nova zona).
Supostamente é uma questão de hábito e, de facto, consigo caminhar quase direita e sem dores com a "torturete" vestida. Mesmo assim, vestir uma cinta tamanho 32 pode ser uma tarefa herculiana em alguns dias, especialmente nos primeiros dias pós-cirurgia, em que eram precisas duas pessoas para me vestirem a dita cuja. Hoje em dia já a consigo colocar sozinha, em frente ao espelho...enquanto isso, penso em todas as mulheres que usam isto só para ter a cintura mais delgada e imagino que devem estar mesmo desesperadas...só pode.
Bjinhos,
Vera
Ps. Aproveitem o sol e verifiquem os níveis de vitamina D.
Esta vitamina é muitas vezes desvalorizada pelos médicos, mas interfere em inúmeros processos no nosso organismo, desde controlo de inflamações, articulações, reumatismos, síntese de hormonas, etc.
Mais acerca deste assunto
A Costa Nova hoje estava mais agradável do que em alguns dias de verão. A praia e o sol estavam ótimos, deu até para molhar os pés e tentar aumentar os meus níveis de vitamina D.
Eu, a Rita, o charmoso e o meu "espartilho" a apanhar sol!
Depois de uma reconstrução TRAM, é recomendado o uso de uma cinta (aka espartilho, objeto de tortura, espremedor, torturete, etc.), por um período que pode ir até largos meses após cirurgia, mínimo 3-4 meses, segundo consta. Ainda só passou 1 mês e eu já tenho pena das mulheres da era vitoriana e outras que vestiam coisas apertadas debaixo da roupa por sistema...
Só se pode tirar a cinta para dormir, o que dá uma média de 16h diárias com o estômago colado às costas, costelas a empurrar os pulmões e barriga semi-comprimida a tentar ajustar-se à falta de músculo (uma parte do músculo é usada para "alimentar" a nova zona).
Supostamente é uma questão de hábito e, de facto, consigo caminhar quase direita e sem dores com a "torturete" vestida. Mesmo assim, vestir uma cinta tamanho 32 pode ser uma tarefa herculiana em alguns dias, especialmente nos primeiros dias pós-cirurgia, em que eram precisas duas pessoas para me vestirem a dita cuja. Hoje em dia já a consigo colocar sozinha, em frente ao espelho...enquanto isso, penso em todas as mulheres que usam isto só para ter a cintura mais delgada e imagino que devem estar mesmo desesperadas...só pode.
Bjinhos,
Vera
Ps. Aproveitem o sol e verifiquem os níveis de vitamina D.
Esta vitamina é muitas vezes desvalorizada pelos médicos, mas interfere em inúmeros processos no nosso organismo, desde controlo de inflamações, articulações, reumatismos, síntese de hormonas, etc.
Mais acerca deste assunto
quarta-feira, 5 de abril de 2017
Empate
No segundo encontro com as mãos do cirurgião, eu e o hematoma empatámos. Com as dores que tinha sentido na segunda-feira, ia já meia preparada psicologicamente para sair de lá toda torcida.
Eu fiquei torcida, mas o "gajo" não ficou melhor.
Como ainda havia muita "matéria" a eliminar, basicamente tive de ir à "lavagem"...e o meu querido cirurgião cortou, espremeu, injetou água oxigenada, betadine, soro e mais umas tretas, voltou a enxaguar o interior e a espremer e no fim coseu. Tudo muito giro, não fosse feito a "sangue frio". O enfermeiro dizia-me para não olhar, porque podia desmaiar...deu para eu me rir...como se a visão fosse pior de suportar do que a dor.
Voltei com pontos, que devo retirar em 8-10 dias, e voltei com a mama tapada com penso para evitar infeções. Segundo o Dr. Conde, este procedimento deve resolver o assunto, ou pelo menos assim esperamos. Amanhã ele vai ver como esta complicaçãozita está a evoluir.
É mesmo isso, uma complicação da cirurgia. Pontos rebentados, sangramento, pele debilitada nesta zona pela radioterapia, falta de gânglios...uma mistura explosiva para o hematoma se formar e perdurar.
Se era escusado? Era, claro, mas nada a fazer, a não ser ajudar o corpo a safar-se de mais esta!
bjinho,
Vera
Eu fiquei torcida, mas o "gajo" não ficou melhor.
Como ainda havia muita "matéria" a eliminar, basicamente tive de ir à "lavagem"...e o meu querido cirurgião cortou, espremeu, injetou água oxigenada, betadine, soro e mais umas tretas, voltou a enxaguar o interior e a espremer e no fim coseu. Tudo muito giro, não fosse feito a "sangue frio". O enfermeiro dizia-me para não olhar, porque podia desmaiar...deu para eu me rir...como se a visão fosse pior de suportar do que a dor.
Voltei com pontos, que devo retirar em 8-10 dias, e voltei com a mama tapada com penso para evitar infeções. Segundo o Dr. Conde, este procedimento deve resolver o assunto, ou pelo menos assim esperamos. Amanhã ele vai ver como esta complicaçãozita está a evoluir.
É mesmo isso, uma complicação da cirurgia. Pontos rebentados, sangramento, pele debilitada nesta zona pela radioterapia, falta de gânglios...uma mistura explosiva para o hematoma se formar e perdurar.
Se era escusado? Era, claro, mas nada a fazer, a não ser ajudar o corpo a safar-se de mais esta!
bjinho,
Vera
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Desforra
Depois de nova abertura nas cicatrizes, de o hematoma ter acumulado líquido e de ter tido hoje o prazer de ser "espremida" manualmente pelo cirurgião, tenho apenas a afirmar uma coisa:
Vera - 0 | Hematoma - 1
Amanhã há desforra com nova "espremidela" e drenagem...a ver quem é mais teimoso!
Pena é que o hematoma não sente dor, ao contrário de mim :)
Bjinho
Vera
Vera - 0 | Hematoma - 1
Amanhã há desforra com nova "espremidela" e drenagem...a ver quem é mais teimoso!
Pena é que o hematoma não sente dor, ao contrário de mim :)
Bjinho
Vera
sexta-feira, 31 de março de 2017
Santa ignorância
A minha vontade de conhecer os processos, métodos, medicamentos e efeitos secundários, estilos de vida, alimentação, etc., dá-me a sensação, talvez apenas isso mesmo, de controlar um pouco esta minha vida pós-cancro. Não me deixo guiar pelo cancro, nem deixo que me atormente diariamente. Penso nele qb e dou-lhe a importância que julgo ser a adequada, tendo em conta o sub-tipo de cancro de mama que tive. Stresso quando tenho de stressar e relaxo nas outras alturas.
Neste processo de reconstrução da mama, confesso que a ignorância de muitos dos seus "quês" me fez avançar para o processo de uma forma "light". Não procurei muito ouvir experiências de outras pessoas, nem se encontram facilmente registos dessas experiências. Vergonha, medo de assumir que estamos a fazer uma mama, dor, cicatrizes feias, processos longos e penosos...não sei exatamente qual dos fatores, ou se todos em conjunto contribuem para esta falta de informação. Nunca me coibi de falar do cancro, da mama, dos tratamentos, etc., por isso falar da reconstrução também é normal.
Pelo tipo de intervenção (TRAM), tinha consciência que não seria muito fácil, mas era uma coisa que eu queria fazer e a vontade sobrepôs-se ao medo de arriscar. Eufemismos à parte, agora sei que dói e bastante, mas é um processo evolutivo. Estar consciente que a dor nos acompanha nestes primeiros dias é a primeira coisa a fazer para evitar pensamentos negativos ou angústias desnecessárias. Entender as variações do corpo ao longo do processo de cicatrização também.
Com o passar dos dias, o simples ato de tossir começou a parecer mais pacífico, ao invés do início em que não sabemos se nos vamos desmembrar a cada impulso para tossir ou espirrar. Foi das piores sensações que tive e as que mais dores provocam na fase inicial. No entanto, sendo a tosse um mecanismo de defesa, não a podemos simplesmente suprimir. Algumas lágrimas e algumas dores e a tosse passa.
A variação da cor dos tecidos mexidos também pode assustar. Qualquer pisadura que tenhamos sofre variações de cor, portanto deve dar para imaginar com tanto corte e costura como fica o nosso corpo. Hoje, 24 dias depois da cirurgia, já começo a parecer ter cor de gente nos locais retalhados, mas ainda há muita inflamação nos tecidos e algumas zonas já com fibroses, infelizmente. Com as massagens que faço atualmente e a fisioterapia que começarei em breve, espero conseguir destruir estas fibroses tão indesejáveis nas cirurgias plásticas.
O cansaço começa a desvanecer, mas ainda estou com uma espécie de horário de criança. Depois de jantar, lavar dentes e cama. Não há energia para mais, porque o corpo demora o seu tempo a recuperar da perda de sangue e de mais uma invasão cirúrgica.
Consigo atualmente sentar-me já um bom bocado ao computador, mas ainda não é recomendado estar muito tempo sentada na mesma posição, porque com o enfraquecimento da parede abdominal, facilmente posso ficar com marcas ou tecidos cicatrizados com "formas" estranhas.
Desde ontem, consigo endireitar as costas. Ontem foi dia de me "quebrarem" os pontos internos do abdómen, portanto já estou mais liberta. Quebrar ou partir os pontos é qualquer coisa que não recomendo nem a um inimigo...só não gani porque parecia mal...fiquei-me pelos berros e ameaças à técnica.
No fundo, sabia que isto ia custar, mas estava a leste de muitos destes pormenores. Santa ignorância, porque partir para isto com conhecimento de causa poderia ser motivo para internamento psiquiátrico.
Beijinho,
Vera
Neste processo de reconstrução da mama, confesso que a ignorância de muitos dos seus "quês" me fez avançar para o processo de uma forma "light". Não procurei muito ouvir experiências de outras pessoas, nem se encontram facilmente registos dessas experiências. Vergonha, medo de assumir que estamos a fazer uma mama, dor, cicatrizes feias, processos longos e penosos...não sei exatamente qual dos fatores, ou se todos em conjunto contribuem para esta falta de informação. Nunca me coibi de falar do cancro, da mama, dos tratamentos, etc., por isso falar da reconstrução também é normal.
Pelo tipo de intervenção (TRAM), tinha consciência que não seria muito fácil, mas era uma coisa que eu queria fazer e a vontade sobrepôs-se ao medo de arriscar. Eufemismos à parte, agora sei que dói e bastante, mas é um processo evolutivo. Estar consciente que a dor nos acompanha nestes primeiros dias é a primeira coisa a fazer para evitar pensamentos negativos ou angústias desnecessárias. Entender as variações do corpo ao longo do processo de cicatrização também.
Com o passar dos dias, o simples ato de tossir começou a parecer mais pacífico, ao invés do início em que não sabemos se nos vamos desmembrar a cada impulso para tossir ou espirrar. Foi das piores sensações que tive e as que mais dores provocam na fase inicial. No entanto, sendo a tosse um mecanismo de defesa, não a podemos simplesmente suprimir. Algumas lágrimas e algumas dores e a tosse passa.
A variação da cor dos tecidos mexidos também pode assustar. Qualquer pisadura que tenhamos sofre variações de cor, portanto deve dar para imaginar com tanto corte e costura como fica o nosso corpo. Hoje, 24 dias depois da cirurgia, já começo a parecer ter cor de gente nos locais retalhados, mas ainda há muita inflamação nos tecidos e algumas zonas já com fibroses, infelizmente. Com as massagens que faço atualmente e a fisioterapia que começarei em breve, espero conseguir destruir estas fibroses tão indesejáveis nas cirurgias plásticas.
O cansaço começa a desvanecer, mas ainda estou com uma espécie de horário de criança. Depois de jantar, lavar dentes e cama. Não há energia para mais, porque o corpo demora o seu tempo a recuperar da perda de sangue e de mais uma invasão cirúrgica.
Consigo atualmente sentar-me já um bom bocado ao computador, mas ainda não é recomendado estar muito tempo sentada na mesma posição, porque com o enfraquecimento da parede abdominal, facilmente posso ficar com marcas ou tecidos cicatrizados com "formas" estranhas.
Desde ontem, consigo endireitar as costas. Ontem foi dia de me "quebrarem" os pontos internos do abdómen, portanto já estou mais liberta. Quebrar ou partir os pontos é qualquer coisa que não recomendo nem a um inimigo...só não gani porque parecia mal...fiquei-me pelos berros e ameaças à técnica.
No fundo, sabia que isto ia custar, mas estava a leste de muitos destes pormenores. Santa ignorância, porque partir para isto com conhecimento de causa poderia ser motivo para internamento psiquiátrico.
Beijinho,
Vera
segunda-feira, 27 de março de 2017
As madames e as "massages"
Exatamente 20 dias depois da cirurgia, comecei hoje a fase 2 da recuperação da cirurgia...a drenagem linfática. Eu e massagens...tudo a ver, certo?
Bem, mantenho a minha posição que a beleza custa, em todos os sentidos.
A quem faz abdominoplastias só pelo prazer do "ventre liso", é igualmente recomendado este tipo de massagem, seja manual, laser ou ambas, para facilitar a recuperação do pós-operatório. Ainda não sabia se ia fazer massagem manual ou laser, até porque ainda não estava bem ciente do que isto envolvia, e sinceramente não procurei saber. Começo a ter noção de que, às vezes, a ignorância é uma benção!
Como tive pontos rebentados, a cicatrização no novo "membro" está mais atrasadita, ainda com ligeiros sangramentos espontâneos, por isso hoje a técnica focou-se na minha ex-pança e cicatrizes do abdómen. Basicamente, uma máquinazona andou a formar vácuo e a emitir frio para essa zona durante um bom bocado, fazendo com que haja uma maior drenagem, menor retenção de líquidos e um maior ajustamento da nova barriga à forma desejada. Este processo ajuda a reduzir fibroses, acelera a cicatrização dos tecidos e ajuda o corpo a livrar-se da porcaria que se acumula no pós-operatório.
Se adorei? Não...
Se tem de ser? Tem...
Quantas sessões? Para começar, 10 para a barriga, 2 vezes por semana, e para o resto logo se verá quando se pode começar e o que se pode fazer...
Tirando isso, recomendaram-me fazer pequenas caminhadas ao ar livre, caminhar sempre de costas direitas e sentar-me tipo Rainha de Inglaterra, apanhar algum sol, respirar ar puro fora de casa, boa hidratação do corpo e energias positivas para recuperar melhor.
Minhas perspetivas futuras?
Beijinho,
Vera
Bem, mantenho a minha posição que a beleza custa, em todos os sentidos.
A quem faz abdominoplastias só pelo prazer do "ventre liso", é igualmente recomendado este tipo de massagem, seja manual, laser ou ambas, para facilitar a recuperação do pós-operatório. Ainda não sabia se ia fazer massagem manual ou laser, até porque ainda não estava bem ciente do que isto envolvia, e sinceramente não procurei saber. Começo a ter noção de que, às vezes, a ignorância é uma benção!
Como tive pontos rebentados, a cicatrização no novo "membro" está mais atrasadita, ainda com ligeiros sangramentos espontâneos, por isso hoje a técnica focou-se na minha ex-pança e cicatrizes do abdómen. Basicamente, uma máquinazona andou a formar vácuo e a emitir frio para essa zona durante um bom bocado, fazendo com que haja uma maior drenagem, menor retenção de líquidos e um maior ajustamento da nova barriga à forma desejada. Este processo ajuda a reduzir fibroses, acelera a cicatrização dos tecidos e ajuda o corpo a livrar-se da porcaria que se acumula no pós-operatório.
Se adorei? Não...
Se tem de ser? Tem...
Quantas sessões? Para começar, 10 para a barriga, 2 vezes por semana, e para o resto logo se verá quando se pode começar e o que se pode fazer...
Tirando isso, recomendaram-me fazer pequenas caminhadas ao ar livre, caminhar sempre de costas direitas e sentar-me tipo Rainha de Inglaterra, apanhar algum sol, respirar ar puro fora de casa, boa hidratação do corpo e energias positivas para recuperar melhor.
Minhas perspetivas futuras?
Vera
terça-feira, 21 de março de 2017
Números à sorte....
Um pequeno exercício para o cérebro voltar ao lugar, depois de mais uma anestesia geral.
Números e frases...
1 - Tudo isto por causa de uma mama.
2 - Tudo isto para ter um par.
3 - Não teria gordura corporal para 3, a não ser que aceitasse a oferta de amigos e marido :)
4 - 4 dias de internamento no hospital e não achei demais :(
5 - 5 minutos de brincadeira no bloco operatório antes da dita cuja.
6 - 6 da manhã, hora em que acordei com pontos rebentados.
7 - dia da cirurgia.
8 - 8 dias depois comecei a caminhar sem imitar o Corcunda de Notre Dame.
(...)
15 - 15 dias pós-cirurgia e já me sento ao computador mais do que 30 minutos, sem ter de me esticar, caminhar ou deitar....
15 - REPETIDO INTENCIONALMENTE - 15 dias sem um banho de gente.
(...)
32 - É o tamanho da cinta que tenho de vestir sempre que quero caminhar, e não é nada fácil de a colocar.
Bjinho,
Vera
Números e frases...
1 - Tudo isto por causa de uma mama.
2 - Tudo isto para ter um par.
3 - Não teria gordura corporal para 3, a não ser que aceitasse a oferta de amigos e marido :)
4 - 4 dias de internamento no hospital e não achei demais :(
5 - 5 minutos de brincadeira no bloco operatório antes da dita cuja.
6 - 6 da manhã, hora em que acordei com pontos rebentados.
7 - dia da cirurgia.
8 - 8 dias depois comecei a caminhar sem imitar o Corcunda de Notre Dame.
(...)
15 - 15 dias pós-cirurgia e já me sento ao computador mais do que 30 minutos, sem ter de me esticar, caminhar ou deitar....
15 - REPETIDO INTENCIONALMENTE - 15 dias sem um banho de gente.
(...)
32 - É o tamanho da cinta que tenho de vestir sempre que quero caminhar, e não é nada fácil de a colocar.
Bjinho,
Vera
sábado, 18 de março de 2017
Dar tempo ao TRAM
O tempo é o meu melhor aliado nesta recuperação da cirurgia, que eu sabia ser invasiva e de recuperação lenta. Na semana passada, a recuperação pareceu-me bem mais lenta!!!
Ser mexida e remexida em 3 sítios diferentes do corpo tem os seus "quês". Optei por esta técnica (TRAM), uma vez que era a mais adequada a mim, tendo em conta os tratamentos que fiz anteriormente. Com tanta radioterapia, a pele ficou demasiado fragilizada para que um implante normal de silicone com recurso a expansor pudesse ser usado, ainda que um dos médicos que consultei o quisesse fazer.
É importante conhecer os processos todos de reconstrução mamária e saber discernir o que é mais adequado para nós. Nem sempre os médicos sabem o que é melhor, nem sempre têm razão. Já foi tempo de sermos pacientes passivos. Temos de ter opinião e procurar saber sempre o que nos querem fazer e se têm razão.
Basicamente, o meu cirurgião plástico, Dr. António Conde, usou um retalho abdominal (vulgo pança) para reconstruir a mama, sem que esse retalho tenha sido "cortado" fora do corpo. Internamente, o retalho continua a ser "alimentado" pelo músculo e novas ligações criadas. Isto implica que eu fiz uma abdominoplastia, um "re-ajustar" da posição do umbigo e uma mama nova! Mais simples do que isto, não consigo.
Pois bem, 11 dias depois, já me sinto bem mais em forma. Ao caminhar ainda assumo uma certa corcunda, mas quando me distraio já me endireito...dura uns 10 segundos, até sentir as cicatrizes a esticarem e eu me curvar novamente :)
Evito estar muito tempo na mesma posição, por isso ando numa de senta, levanta, deita...só não faço o pino! Tenho de me mexer, até porque ajuda o corpo a eliminar a porcaria que ainda anda por aqui.
O aspeto de "atropelamento" começa a espalhar-se e as cores a assemelharem-se mais com as de uma pessoa normal, ao contrário das da boneca de cêra, certo Lígia?
Ontem foi dia de mudar os pensos e o médico disse que estava tudo ok. Os pontos mais críticos são os sítios onde rebentaram os pontos, mas temos de dar tempo ao tempo.
De resto, com o corpo a caminhar no bom sentido, a cabeça também lá há-de chegar.
Beijinho
Vera
Ser mexida e remexida em 3 sítios diferentes do corpo tem os seus "quês". Optei por esta técnica (TRAM), uma vez que era a mais adequada a mim, tendo em conta os tratamentos que fiz anteriormente. Com tanta radioterapia, a pele ficou demasiado fragilizada para que um implante normal de silicone com recurso a expansor pudesse ser usado, ainda que um dos médicos que consultei o quisesse fazer.
É importante conhecer os processos todos de reconstrução mamária e saber discernir o que é mais adequado para nós. Nem sempre os médicos sabem o que é melhor, nem sempre têm razão. Já foi tempo de sermos pacientes passivos. Temos de ter opinião e procurar saber sempre o que nos querem fazer e se têm razão.
Basicamente, o meu cirurgião plástico, Dr. António Conde, usou um retalho abdominal (vulgo pança) para reconstruir a mama, sem que esse retalho tenha sido "cortado" fora do corpo. Internamente, o retalho continua a ser "alimentado" pelo músculo e novas ligações criadas. Isto implica que eu fiz uma abdominoplastia, um "re-ajustar" da posição do umbigo e uma mama nova! Mais simples do que isto, não consigo.
Pois bem, 11 dias depois, já me sinto bem mais em forma. Ao caminhar ainda assumo uma certa corcunda, mas quando me distraio já me endireito...dura uns 10 segundos, até sentir as cicatrizes a esticarem e eu me curvar novamente :)
Evito estar muito tempo na mesma posição, por isso ando numa de senta, levanta, deita...só não faço o pino! Tenho de me mexer, até porque ajuda o corpo a eliminar a porcaria que ainda anda por aqui.
O aspeto de "atropelamento" começa a espalhar-se e as cores a assemelharem-se mais com as de uma pessoa normal, ao contrário das da boneca de cêra, certo Lígia?
Ontem foi dia de mudar os pensos e o médico disse que estava tudo ok. Os pontos mais críticos são os sítios onde rebentaram os pontos, mas temos de dar tempo ao tempo.
De resto, com o corpo a caminhar no bom sentido, a cabeça também lá há-de chegar.
Beijinho
Vera
domingo, 12 de março de 2017
Retalho e Retalho, Lda.
7 dias depois, cá estou eu, uma espécie de “Frankenstina”
reconstruída, cheia de pontos, cicatrizes, gaze e adesivo por todo o lado. Só
não tenho parafusos…do resto tenho tudo!
Olhando hoje em retrospetiva, estes dias demoraram a passar,
caramba!
Em resumo de diário, rápido e com poucos pormenores
sórdidos, porque não quero que ninguém desmaie (esta é para a Risy).
Terça-feira, 7 de março
No bloco operatório correu tudo bem. Simpatia e um
acolhimento muito carinhoso dissiparam “alguma” ansiedade e receio que por ali
pairavam. Musiquinha smooth no bloco, estilo Nip Tuck, pessoal simpático e a
transmitir confiança que estava bem entregue. Fui para o bloco às 9 e qualquer
coisa, regressei ao quarto 421 pouco depois das 14h, depois de algum tempo no
recobro. A anestesia deve ter sido
forte…enjoos e mal-estar geral, sonolência e alguma falta de orientação, mas
enfim, faz parte do jogo que eu quis jogar. O charmoso veio para Aveiro
relativamente cedo, para a Rita não sentir tanto a ausência e ter companhia no
dentista (não vale a pena duplo trauma num só dia).
Por volta do meio da tarde, ao ser observada pelo
enfermeiro, apercebemo-nos do primeiro sangramento…um ponto rebentado na zona
da axila, muito perto do dreno. Sangue por todo o lado, e eu a prometer à
enfermeira uma caixa de ovos moles se tirasse o sangue da cinta e soutien
cirúrgicos…100€ cheios de sangue logo na primeira noite….grrrrr…
No meio de alguma gargalhada com a minha aparente
descontração, lá me fizeram novo penso, com mais pressão na zona a ver se o
ponto se rendia…e sim, de facto este parou de sangrar. Pelas 6 da manhã, sentindo
calor e algo estranho no pescoço, reparei no sangue noutra zona, já a escorrer
no corpo. Imagem sexy, algo pérfida, mas lá nos rimos…desde que se salve a
cinta e o soutien, estamos bem:)
De manhã, o cirurgião plástico esteve a ver o penso, abriu
tudo para ver os pontos rebentados e voltamos a fechar. Parecia já estar
controlado, pelo que era preciso levantar para evitar coágulos, ativar
circulação, ver como me sentia…
Ponto alto do dia: Conversa com a médica anestesista no
bloco acerca da medicação que fiz e faço e tretas afins do meu historial
clínico. Consegui confundir a senhora, que me perguntou se eu era médica,
enfermeira ou se trabalhava no ramo da saúde…qualquer pessoa sabe que o
Herceptin reduz a FE, certo??
Ponto baixo do dia: Tirando os vómitos ao fim da tarde/
noite, foi mesmo fazer chichi na aparadeira (vulgo arrastadeira), especialmente
depois de termos a zona abdominal toda retalhada e termos de a elevar para nos
colocarem um objeto metálico e frio debaixo do corpo…credinho!!
Quarta-feira, 8 de março
Pois, este foi o meu pior dia, de todas as intervenções que
já fiz. Apesar de já estar à espera de alguma falta de energia e tensões
baixas, uma vez que tinha perdido muito sangue na cirurgia, não imaginava ser
uma espécie de boneco de gelatina sempre que me tentavam pôr de pé, ou mesmo
sentada. Foi um dia de muitos pontos baixos, muitas dores, desconforto e
vontade de andar para trás no tempo. Desmaiei algumas vezes, maldisse os
retalhos abdominais, pensei na minha querida prótese fechada no armário, que nunca
me tinha dado este mal-estar…estás perdoada, volta!
Sou teimosa, por norma não me queixo de dores, mesmo que as
tenha, mas basicamente pedi ao médico para ficar no hospital. E ele realmente
assim o fez…com tensão arterial de galinha, sem sequer conseguir fazer chichi
sozinha…não pode ir para casa nem suportar a viagem até Aveiro.
A comida do hospital era boa, mas quando chegava o
tabuleiro, sempre à hora certa, até se me revoltava o fígado…coitado, com a
abdominoplastia está para ali tudo tão encolhido e comprimido que comer era uma
espécie de tortura camuflada. Claro que sem comer, o próprio corpo demora mais
a recuperar…
Ponto alto do dia: A visita da minha filhota. Pontos rebentados quietinhos e
sossegadinhos. Eu a dizer ao enfermeiro que deviam chamar a psiquiatria para quem se submete a
abdominoplastias só pela “beleza” do six-pack…tem de ser um problema de foro
psiquiátrico.
Ponto baixo do dia: A sensação de desmaio a qualquer coisa
que se tente fazer. Um ataque de tosse a meio da noite e a sensação que o
umbigo ia sair disparado a qualquer segundo…lágrimas sempre que tossia.
Quinta-feira, 9 de março
O médico neste dia passou apenas à tarde. Já me tinha
conseguido levantar e ir ao wc, ainda que acompanhada. Drenos ok, mas tensões
ainda baixas, cor amarela e ainda muita falta de energia, pelo que ele
recomenda mais um dia internada para poder usufruir daquela bela cama
articulada e da sport TV no quarto.
Ponto alto do dia: Ir ao wc sem ajuda e ter uma espécie de
banho à gato.
Ponto baixo do dia: a sensação que algum animal tinha
morrido debaixo dos lençóis sempre que me mexia…
Sexta-feira, 10 de março
A minha filha liga-me de manhã, antes de ir para a escola e
eu quase salto da cama, arranco drenos e espanco o pai da criança…ela diz-me,
vitoriosamente que vai de manga curta para a escola…ok, decido que está na
altura de pôr de lado as abichanices e ir embora para casa. Faz muita falta uma
inspectora nesta casa.
O médico passa e vê que estou com melhor aspecto e passa a
alta para o fim da tarde, já com retirada de drenos… nesta fase, o meu irmão
Nelson, sempre corajoso a ver os pensos, retira-se suavemente do
quarto….ahahaha. É por isto que a humanidade depende das mulheres para
continuar o seu ciclo de vida.
Saí do hospital apenas perto das 21h, com ânsia de chegar a
casa, mas medo da viagem. Acho que senti todas as irregularidades da estrada,
paralelos, altos e baixos e, muito carinhosamente, as tampas de esgoto da EN
109 até chegar a casa.
E desde então, tem sido sempre a melhorar. Tensões mais
regularizadas, mais energia, ainda amarela, mas a recuperar no bom caminho.
Amanhã nova viagem ao Porto para vermos como está.
Cómico deste fim de semana: as minhas vizinhas Lígia e
Andreia a darem-me uma espécie de banho, no qual me vestiram sacos de lixo para evitar molhar os pensos; a
Lígia a lavar-me o cabelo na pia da cozinha, a Margarida que me vem deixar um
mimo e o pendura na porta do vizinho…enfim…já me ri bastante, se bem que cada
vez que me rio, tenho a sensação que me vou desmembrar em pedaços.
Ah beleza, a quanto obrigas!
Bjinho e obrigado pelas mensagens de apoio.
Presente da Rita :) |
segunda-feira, 6 de março de 2017
Poema & cirurgia
Há bocado, antes de ir dormir para casa da vizinha, a Rita
escreveu-me este poema, como ela o chamou.
Coisas tão simples, de uma menina que ainda não aprendeu as letras todas,
mas que não conseguia exprimir o que estava a sentir.
"Eu sou a Rita.
A menina que adora a mãe.
Que tu gostas?
Para a mãe"
Porquê dormir em casa da vizinha a meio da semana? Porque
tenho de dar entrada no hospital amanhã às 7h, no Porto, ou seja vamos sair
muito cedo de casa e assim ela dorme descansada, espairece a cabeça com a amiga
e esquece as coisas que uma criança de 6 anos não devia sequer ter de sentir.
Abraçou-me várias vezes. Perguntou se lhe ligava amanhã e
quando vinha para casa. Engoli em seco e ri-me, tentando disfarçar um certo nó
na garganta. Claro que falaremos, claro que o papá e ela se vão divertir sem mim
em casa a controlar o que comem, ou por onde deixam as tralhas.
É lixado não termos o poder de os poupar destas merdices da
nossa vida.
Dizem que crescem com estas coisas, que ganham maturidade. É
verdade, mas tinham tempo para isso.
Enfim, amanhã começo uma nova fase do meu pós-cancro. Assim
que possível, darei notícias.
Wish me luck!
Bjinho,
Vera
quarta-feira, 1 de março de 2017
Time to go...
Na semana passada, 8 dias depois de retirar o cateter, voltei ao cirurgião plástico para re-avaliar a minha situação e averiguar se está tudo bem para avançar para o próximo passo.
Ainda com pontos e penso no peito, lá foi esta donzela segura e firme, de comboio até ao Porto. Não me oriento a conduzir no Porto, podem rir-se de mim. Sei ir até ao Hospital da Arrábida, onde tenho feito todo este meu percurso oncológico, mas daí para a frente, sozinha a conduzir...é melhor não.
Depois de fazer os percursos algumas vezes, já me conseguirei orientar, mas aquele trânsito todo, as pessoas impacientes a buzinar, as tangentes nos carros....não me seduz. Prefiro a calma de Aveiro.
Desta vez fui de comboio, porque vou mudar de hospital para a cirurgia plástica. Adoro a equipa que me tratou na oncologia e cirurgia no Arrábida, mas desta feita, para esta cirurgia, vou mudar de cenário. A mudança é positiva, se a encararmos como tal. Vou sair da minha zona de conforto, de um espaço onde já conheço muita gente pelo nome, onde me sorriem e perguntam como estou sempre que me vêm...vou para um hospital novo, onde não sou a "Verinha", mas vou confiante que estou a fazer uma boa escolha a nível da equipa médica.
Acreditem que investiguei muito, perguntei, sondei, interroguei, pedi opiniões a outros médicos. Preciso de ter a certeza que estou bem entregue, porque para medos e reservas, já basta a própria cirurgia a que me vou submeter. Relativamente a esta cirurgia reconstrutiva, andei mais de 3 meses a reunir informação para me ajudar a decidir qual a melhor opção para o meu caso. Fui a 3 consultas, com 3 especialistas diferentes em hospitais diferentes e enviei o meu processo clínico para uma 2ª opinião pelo seguro. Tinha 2 opiniões no mesmo sentido, uma outra muito diferente e a 2ª opinião do seguro veio confirmar a opção que já reunia maior consenso.
Paranóica, talvez? Mas sou assim :)
Vamos fazer uma reconstrução pelo método mais tradicional, o TRAM ou retalho abdominal, sendo considerado mais seguro e aconselhado no meu caso, uma vez que fiz muita radioterapia e tenho pouca gordura corporal, entre outros fatores.
Dentro em breve, muito em breve, darei entrada no Hospital dos Lusíadas e estima-se que terei alta no dia seguinte, caso não haja complicações. Prevê-se um período de recuperação algo longo, entre 4 a 6 semanas em média, podendo estender-se por mais tempo se a cicatrização não correr como esperado. Há muita coisa que pode complicar este período de recuperação, mas tenho esperança que vai tudo correr bem.
Coincidência das coincidências, eu e a Terry Lynn Arnold, fundadora da rede de apoio a mulheres com cancro de mama inflamatório, seremos operadas no mesmo dia, com a mesma finalidade.
Que corra tudo bem a ambas e a todas as mulheres que são afetadas pelo cancro de mama.
Bjinho,
Vera
Ainda com pontos e penso no peito, lá foi esta donzela segura e firme, de comboio até ao Porto. Não me oriento a conduzir no Porto, podem rir-se de mim. Sei ir até ao Hospital da Arrábida, onde tenho feito todo este meu percurso oncológico, mas daí para a frente, sozinha a conduzir...é melhor não.
Depois de fazer os percursos algumas vezes, já me conseguirei orientar, mas aquele trânsito todo, as pessoas impacientes a buzinar, as tangentes nos carros....não me seduz. Prefiro a calma de Aveiro.
Desta vez fui de comboio, porque vou mudar de hospital para a cirurgia plástica. Adoro a equipa que me tratou na oncologia e cirurgia no Arrábida, mas desta feita, para esta cirurgia, vou mudar de cenário. A mudança é positiva, se a encararmos como tal. Vou sair da minha zona de conforto, de um espaço onde já conheço muita gente pelo nome, onde me sorriem e perguntam como estou sempre que me vêm...vou para um hospital novo, onde não sou a "Verinha", mas vou confiante que estou a fazer uma boa escolha a nível da equipa médica.
Acreditem que investiguei muito, perguntei, sondei, interroguei, pedi opiniões a outros médicos. Preciso de ter a certeza que estou bem entregue, porque para medos e reservas, já basta a própria cirurgia a que me vou submeter. Relativamente a esta cirurgia reconstrutiva, andei mais de 3 meses a reunir informação para me ajudar a decidir qual a melhor opção para o meu caso. Fui a 3 consultas, com 3 especialistas diferentes em hospitais diferentes e enviei o meu processo clínico para uma 2ª opinião pelo seguro. Tinha 2 opiniões no mesmo sentido, uma outra muito diferente e a 2ª opinião do seguro veio confirmar a opção que já reunia maior consenso.
Paranóica, talvez? Mas sou assim :)
Vamos fazer uma reconstrução pelo método mais tradicional, o TRAM ou retalho abdominal, sendo considerado mais seguro e aconselhado no meu caso, uma vez que fiz muita radioterapia e tenho pouca gordura corporal, entre outros fatores.
Dentro em breve, muito em breve, darei entrada no Hospital dos Lusíadas e estima-se que terei alta no dia seguinte, caso não haja complicações. Prevê-se um período de recuperação algo longo, entre 4 a 6 semanas em média, podendo estender-se por mais tempo se a cicatrização não correr como esperado. Há muita coisa que pode complicar este período de recuperação, mas tenho esperança que vai tudo correr bem.
Coincidência das coincidências, eu e a Terry Lynn Arnold, fundadora da rede de apoio a mulheres com cancro de mama inflamatório, seremos operadas no mesmo dia, com a mesma finalidade.
Que corra tudo bem a ambas e a todas as mulheres que são afetadas pelo cancro de mama.
Bjinho,
Vera
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017
Comichão
Comichão...muita comichão, até que começam a aparecer zonas avermelhadas em volta do penso...eis a minha alergia a estas pensos pós-cirúrgicos a massacrar-me o juízo.
Apesar de ter cuidado, e de o penso ser aparentemente impermeável, tive de o tirar depois do banho. Com tanta coceira, as pontas descolaram, entrou água e voilá...lá se foi a barreira bacteriana que é suposto proporcionarem.
Com tanta experiência em ambiente hospitalar, fiz o chamado "auto-penso" caseiro, limpando e colocando um novo penso destes, desinfetando tudo para evitar infeções. Se a coceira voltar, talvez tenha de ir ao centro de saúde para fazerem penso com outros materiais. Aqui em casa só tenho gaze e pensos destes abichanados.
O corte ainda está fresco, mas com bom aspeto. Aprendi a relativizar o bom aspeto das coisas...
Agora uma private, oh Raquel, pensos feitos em Hull....não é para qualquer um!
http://feridas.smith-nephew.pt/pro-opsite-postop.html
Bjinhos,
Vera
Apesar de ter cuidado, e de o penso ser aparentemente impermeável, tive de o tirar depois do banho. Com tanta coceira, as pontas descolaram, entrou água e voilá...lá se foi a barreira bacteriana que é suposto proporcionarem.
Com tanta experiência em ambiente hospitalar, fiz o chamado "auto-penso" caseiro, limpando e colocando um novo penso destes, desinfetando tudo para evitar infeções. Se a coceira voltar, talvez tenha de ir ao centro de saúde para fazerem penso com outros materiais. Aqui em casa só tenho gaze e pensos destes abichanados.
O corte ainda está fresco, mas com bom aspeto. Aprendi a relativizar o bom aspeto das coisas...
Agora uma private, oh Raquel, pensos feitos em Hull....não é para qualquer um!
http://feridas.smith-nephew.pt/pro-opsite-postop.html
Bjinhos,
Vera
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
Implantofixzinho out
Para todos os efeitos, tenho menos uma entrada no corpo. O meu acesso direto foi, esta terça-feira, retirado...finalmente. Não fica nostalgia, nem saudade. Apenas um desconforto e uma dorzita sempre que espirro. O problema é que espirro muito.
É uma cirurgia leve, rápida e normalmente sem complicações. Mas, como o seguro morreu de velho, e o cateter estava ligado à artéria subclávia esquerda, é feito no bloco operatório e com sedação.
Enquanto não chegava a minha cirurgiã, fui trocando umas mensagens com amigos. Não havia nervosismo, apenas uma vontade de entrar e tirar o dito cujo. Ao fim de 3 anos, já cansava ter a enfermeira Maria José a picar-me o peito todos os meses para limpar o cateter. E nada contra a enfermeira que é uma excelente profissional...é mesmo contra as agulhas, as borboletas, heparina, etc etc.
Acordei bem disposta do propofol e pronta para voltar para casa! Fase 1 de fecho de ciclo está feita, agora é só esperar uns dias para isto cicatrizar.
Sim, era o dia dos namorados, mas isso pode ser todos os dias. Um dia, quando perder o juízo de vez, faço uma tatuagem com um coração em cima desta cicatriz...
Antes e depois para quem tem curiosidade ou quem vai ter de meter um cateter. É simples no dia a dia e ajuda imenso nos tratamentos e na preservação das nossas veias dos braços.
No fundo, estou feliz por ter tirado o cateter. Significa coisas bem mais além do próprio cateter.
Carpe diem.
Beijinho,
Vera
É uma cirurgia leve, rápida e normalmente sem complicações. Mas, como o seguro morreu de velho, e o cateter estava ligado à artéria subclávia esquerda, é feito no bloco operatório e com sedação.
Enquanto não chegava a minha cirurgiã, fui trocando umas mensagens com amigos. Não havia nervosismo, apenas uma vontade de entrar e tirar o dito cujo. Ao fim de 3 anos, já cansava ter a enfermeira Maria José a picar-me o peito todos os meses para limpar o cateter. E nada contra a enfermeira que é uma excelente profissional...é mesmo contra as agulhas, as borboletas, heparina, etc etc.
Acordei bem disposta do propofol e pronta para voltar para casa! Fase 1 de fecho de ciclo está feita, agora é só esperar uns dias para isto cicatrizar.
Sim, era o dia dos namorados, mas isso pode ser todos os dias. Um dia, quando perder o juízo de vez, faço uma tatuagem com um coração em cima desta cicatriz...
Antes e depois para quem tem curiosidade ou quem vai ter de meter um cateter. É simples no dia a dia e ajuda imenso nos tratamentos e na preservação das nossas veias dos braços.
No fundo, estou feliz por ter tirado o cateter. Significa coisas bem mais além do próprio cateter.
Carpe diem.
Beijinho,
Vera
sábado, 4 de fevereiro de 2017
Dia Mundial da Luta contra o Cancro
Assinala-se hoje o Dia Mundial da Luta contra o Cancro.
Há uns anos, recebi este poema. Diz tudo o que o cancro não pode.
What Cancer Cannot Do
Sim, o cancro não pode muita coisa, é limitado, no sentido em que não consegue destruir muitas das coisas mais importantes das nossas vidas, mas pode tanta outra coisa. Pode levar-nos à morte, em última instância, mas isso também pode outra coisa qualquer, até cair de uma cadeira como o outro.
Neste dia, eu que não ligo a estes "dias" definidos, apenas vos digo para terem cuidado com o vosso corpo. É o vosso melhor amigo, cuidem dele e sejam felizes. O cancro, bem como outras doenças, não gostam de hormonas felizes!
Beijinho,
vera
Há uns anos, recebi este poema. Diz tudo o que o cancro não pode.
What Cancer Cannot Do
Cancer is so
limited...
It cannot cripple
love.
It cannot shatter
hope.
It cannot corrode
faith.
It cannot eat away
peace.
It cannot destroy
confidence.
It cannot kill
friendship.
It cannot shut out
memories.
It cannot silence
courage.
It cannot reduce eternal
life.
It cannot quench
the Spirit.
Dr. Robert
L. Lynn
Neste dia, eu que não ligo a estes "dias" definidos, apenas vos digo para terem cuidado com o vosso corpo. É o vosso melhor amigo, cuidem dele e sejam felizes. O cancro, bem como outras doenças, não gostam de hormonas felizes!
Beijinho,
vera
domingo, 29 de janeiro de 2017
Reforma aos 66?
Há uns dias atrás, apareci na TV por uns segundos. Porquê, perguntam-se vocês...
O motivo
Cancro e uma petição entregue na Assembleia da República.
O dever
Divulgar a necessidade de se olhar para o sobrevivente oncológico com outros olhos e leis, por via da petição a exigir mais direitos laborais.
A impulsionadora da petição
A Cristina Coelho, mulher de garra que sobreviveu a um adenocarcinoma. Mulher esta que há uns 3 anos atrás, quando eu me juntei a um grupo de doentes/ familiares de pessoas com cancro no Facebook, falou comigo via mensagem privada e me deu conselhos muito úteis sem me conhecer, dando-me certezas que eu estava a fazer escolhas acertadas e me fez ver que os Portugueses têm um coração bom e solidário.
O momento
Alguns minutos a falar com o jornalista e lembro-me vagamente do que disse. O que passou na TV já revi, do resto da conversa retive o momento em que ele me perguntou se eu iria conseguir trabalhar aos 66 anos, idade da reforma atual. Eu sorri...sei lá eu sequer se estou viva nessa altura. No fim, já em off, diz ele que também teve um familiar direto com cancro, que sofreu imenso. Todos nós temos alguém...na família, nos amigos próximos, vizinhos, etc. Daí ser importante participar nestas iniciativas, é só assinar e partilhar.
Porquê eu a acompanhar a Cristina?
Sou apenas um dos 10.000 e muitos signatários da petição, mas ia estar no Porto para uma consulta e proporcionou-se um encontro com a Cristina e a reportagem.
Porquê participar?
Porque sei que é verdade, porque atualmente, com 36 anos, sinto os efeitos secundários dos tratamentos. Tenho osteopenia em algumas partes do corpo, articulações frágeis, costelas fragilizadas pela radioterapia, risco de linfedema a qualquer corte ou simples picada de melga no braço direito, dores no braço, cansaço, dificuldade de concentração, memória de passarinho, calores e suores, etc. etc...
Claro que estas "piquenas" coisas não me tiram o bom humor e a alegria de viver. Disfarço bem a maioria delas, até porque já anda tudo tão ocupado com as suas próprias mazelas, que impera a velha máxima do "cada um sofre as suas".
Baci,
Vera
A petição está aqui:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT81505
A reportagem está aqui:
http://www.rtp.pt/noticias/pais/doentes-oncologicos-reivindicam-direitos-laborais_v977998
PS: Remoção de cateter já marcada para breve, vou-me ver livre da entrada extra e vou curtir uma boa soneca com o Propofol:)
O motivo
Cancro e uma petição entregue na Assembleia da República.
O dever
Divulgar a necessidade de se olhar para o sobrevivente oncológico com outros olhos e leis, por via da petição a exigir mais direitos laborais.
A impulsionadora da petição
A Cristina Coelho, mulher de garra que sobreviveu a um adenocarcinoma. Mulher esta que há uns 3 anos atrás, quando eu me juntei a um grupo de doentes/ familiares de pessoas com cancro no Facebook, falou comigo via mensagem privada e me deu conselhos muito úteis sem me conhecer, dando-me certezas que eu estava a fazer escolhas acertadas e me fez ver que os Portugueses têm um coração bom e solidário.
O momento
Alguns minutos a falar com o jornalista e lembro-me vagamente do que disse. O que passou na TV já revi, do resto da conversa retive o momento em que ele me perguntou se eu iria conseguir trabalhar aos 66 anos, idade da reforma atual. Eu sorri...sei lá eu sequer se estou viva nessa altura. No fim, já em off, diz ele que também teve um familiar direto com cancro, que sofreu imenso. Todos nós temos alguém...na família, nos amigos próximos, vizinhos, etc. Daí ser importante participar nestas iniciativas, é só assinar e partilhar.
Porquê eu a acompanhar a Cristina?
Sou apenas um dos 10.000 e muitos signatários da petição, mas ia estar no Porto para uma consulta e proporcionou-se um encontro com a Cristina e a reportagem.
Porquê participar?
Porque sei que é verdade, porque atualmente, com 36 anos, sinto os efeitos secundários dos tratamentos. Tenho osteopenia em algumas partes do corpo, articulações frágeis, costelas fragilizadas pela radioterapia, risco de linfedema a qualquer corte ou simples picada de melga no braço direito, dores no braço, cansaço, dificuldade de concentração, memória de passarinho, calores e suores, etc. etc...
Claro que estas "piquenas" coisas não me tiram o bom humor e a alegria de viver. Disfarço bem a maioria delas, até porque já anda tudo tão ocupado com as suas próprias mazelas, que impera a velha máxima do "cada um sofre as suas".
Baci,
Vera
A petição está aqui:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT81505
A reportagem está aqui:
http://www.rtp.pt/noticias/pais/doentes-oncologicos-reivindicam-direitos-laborais_v977998
PS: Remoção de cateter já marcada para breve, vou-me ver livre da entrada extra e vou curtir uma boa soneca com o Propofol:)
segunda-feira, 9 de janeiro de 2017
3 anos pós-início
Ontem foi um dia agitado, com visita à família, viagens, lambidelas do Bek e mais viagens.
Chegada a casa, preparar sopas para a semana, orientar a semana que é sempre muito preenchida. Na minha cabeça, ressoou desde cedo a ideia de que fazia 3 anos que fiz a primeira sessão de quimioterapia e, volta e meia, vinha isso ao pensamento. 3 anos, já?
São datas que estranhamente trazem de volta o medo e a ansiedade que eu levava comigo, a sensação do frio a entrar nas veias e o adormecimento lento após os primeiros minutos. Não se esquece, mas tentamos não nos lembrar disso, até porque é sempre preferível lembrar-mo-nos das coisas boas associadas à quimio...e tenho muitas coisas boas a recordar, que quase apagam da memória o sufoco físico da quimio, a cor amarelada, as olheiras, a falta de cabelo, o cansaço, as dores!
O carinho, a atenção, as flores, os presentes, os mimos, a companhia, o incentivo, as palavras de amizade e de preocupação...a minha esfera protetora, no fundo. Sim, acredito que tenham ajudado bastante a ultrapassar esta fase, cujo aniversário ontem me fez recuar 3 anos e me fez agradecer, mais uma vez, por estar aqui.
Chegada a casa, preparar sopas para a semana, orientar a semana que é sempre muito preenchida. Na minha cabeça, ressoou desde cedo a ideia de que fazia 3 anos que fiz a primeira sessão de quimioterapia e, volta e meia, vinha isso ao pensamento. 3 anos, já?
São datas que estranhamente trazem de volta o medo e a ansiedade que eu levava comigo, a sensação do frio a entrar nas veias e o adormecimento lento após os primeiros minutos. Não se esquece, mas tentamos não nos lembrar disso, até porque é sempre preferível lembrar-mo-nos das coisas boas associadas à quimio...e tenho muitas coisas boas a recordar, que quase apagam da memória o sufoco físico da quimio, a cor amarelada, as olheiras, a falta de cabelo, o cansaço, as dores!
O carinho, a atenção, as flores, os presentes, os mimos, a companhia, o incentivo, as palavras de amizade e de preocupação...a minha esfera protetora, no fundo. Sim, acredito que tenham ajudado bastante a ultrapassar esta fase, cujo aniversário ontem me fez recuar 3 anos e me fez agradecer, mais uma vez, por estar aqui.
Kit de fim de quimio, oferecido pela grande Sisse :) |
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