quarta-feira, 4 de junho de 2014

Certezas?

Quando estamos certos de uma coisa, seguimo-la de coração, com a convicção de que estamos no caminho certo. E quando não temos certezas?

Estes últimos dias foram marcados por um turbilhão de emoções, incertezas, confusões e alguma desorientação. Hoje posso dizer que já estou bem melhor. Não é preciso estarmos sempre bem. Há que saber ir abaixo e saber levantar a cabeça depois. Como costumo dizer, já foi tempo de esconder quando estamos mal ou menos bem.

Deixar a meu encargo uma decisão pesada deu cabo do meu (já instável) humor. Afastei-me, li muito e refleti acerca dos prós e contras da cirurgia. O Nuno costuma dizer que o meu problema é pensar demais nas coisas. Muito tempo livre atualmente, segundo ele. E ainda há quem se admire quando eu digo que o vou vender a peso (ficava rica).

Não tenho conhecimentos médicos para uma decisão deste arcaboiço (mastectomia uni- ou bi-lateral). Reconhecer as limitações é fundamental para qualquer decisão na nossa vida. Saber parar, admitir que não somos polivalentes, que não conseguimos ser nem estar em todas as batalhas, é o primeiro passo para ultrapassar a limitação.

Ontem fui consultar uma segunda opinião na área da cirurgia da mama. A Prof. Maria João Cardoso é reconhecida pelo seu trabalho na cirurgia da mama e no apoio a mulheres com cancro de mama. É investigadora e coordenadora da Unidade da Mama na Fundação Champalimaud.  Fundou a MamaHelp, uma associação que dá apoio nas mais variadas valências à mulher com esta doença.

O meu oncologista já havia falado com ela no início da minha quimioterapia. Mas desta vez, decidi que seria eu a falar com ela, porque há coisas que o doente transmite melhor. Fui à Ordem da Trindade, no Porto. Eu e little brother, de comboio, a caminho de ajuda na decisão.

E de facto, quando saí da consulta, a decisão estava tomada. Foi de uma certeza e assertividade, com fundamentação científica e conhecimento de causa, que quase me esbofeteei por não ter ido lá mais cedo. Deu-me conselhos, esperança e segurança.  E quando lutamos contra um cancro agressivo e raro, é disto que precisamos. De uma injeção de positividade, acima de tudo.

Tenho cirurgia marcada, um longo processo de recuperação, mas será um dia de cada vez. Vou seguir o caminho traçado, para já, sem me desviar do mais importante: recuperar e continuar a minha vida.

Por falar em continuar, o trabalho faz parte disso. Não quero deixar de agradecer, aqui, ao meu chefe, Prof. Dr. José Fernando Mendes, Vice-Reitor da Universidade de Aveiro. Soube que publicamente me desejou as  melhoras perante o auditório da Reitoria. Obrigado Professor. É também por isto que eu tanto anseio por voltar.

Pequenos gestos de carinho alimentam-nos a alma. Atualmente contribuem também para a desidratação... já fui mais durona :)

Bjinhos

1 comentário:

  1. qd precisamos a mão amiga aparece de onde menos esperamos (...) e Vera vais vencer esta luta...

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