quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Saber comer

Desde que descobri o meu cancro que tenho refletido muito acerca dos hábitos alimentares. Somos, de facto, o que comemos e se conseguimos ajudar o nosso corpo a combater o bicho, ou a evitá-lo (seria bem melhor esta situação), fazê-lo torna-se quase numa obrigação.

Fui à consulta de nutrição funcional na terça-feira, muito bem acompanhada por uma pessoa que entrou recentemente na minha vida, mas de quem é muito fácil gostar e apreciar a sua companhia. O cancro tem as suas coisas positivas, cada vez mais acredito nisso. Há amigos que vão ( e não voltam, com alguma pena minha), outros que vêm e me surpreendem. No geral, consigo ter sempre alguém para me ajudar, acompanhar, beber um chá ou só falar. 

Mas hoje é acerca da paparoca :)
A consulta correu muito bem. Gostei muito da postura da Dra. Daniela Seabra e do à vontade com o tema e com as minhas necessidades nutricionais neste momento. Correspondeu totalmente às minhas expectativas e trouxe um plano alimentar digno de um exército em guerra contra o inimigo.

Fisicamente tenho de perder alguma massa gorda. A relação peso/altura está boa, mas há algum excesso de 'banhoca' no corpo e a gordura não é boa para nada! Só posso deixar o pneuzinho para a injeção Zoladex :)

Confirmei hábitos já meus, obtive novas dicas e novos conselhos, desmistifiquei alguns mitos em relação à maneira como o meu organismo reage a certos alimentos. Apostar em alimentos que potenciem a acção anti-inflamatória e anti-oxidante do meu organismo para evitar a recidiva do bicho. Além de agressivo e parvo, o meu tipo de cancro também adora recidir. É uma besta, em todo o seu esplendor.

Ora pois, isso significa para mim, de um modo geral:
- 0 açúcares - grande potenciador das células tumorais, provoca inflamações no nosso organismo e picos de insulina (perigoso porque simultaneamente ocorre a segregação de uma molécula chamada IGF e que estimulam em conjunto o desenvolvimento de células cancerosas).

- 0 latícinios - alimentação à base de soja e milho transgénicos, estrogénios da vaquinha e gordura.
Os produtos lácteos com alto teor de gordura apresentam  níveis elevados de estrogénio e o meu bicho era receptor desta hormona, portanto evitar alimentar o dito cujo.

- 0 soja e seus derivados - pelos fito-estrogénios da soja, na mesma lógica dos laticínios. 

Foi-me recomendado aumentar a ingestão de legumes, fruta, água, reduzir consumo de carne  para apenas carnes brancas, bem como introduzir certas sementes, cereais e frutos secos no meu dia-a-dia. Devo tentar comer o mais bio possível, mas nem sempre é fácil e acessível - são ainda tão caros :(
Tenho uma lista de produtos a adquirir, que provavelmente só encontrarei em lojas da especialidade. Hoje de tarde vou à procura.

Vou fazer suplementos de Ómega 3 e controlar a presença de Ómega 6 no sistema, potenciar o sistema imunitário através de um sistema digestivo mais ativo (grande percentagem do nosso sistema imunitário está no trato intestinal).  Trocar manteigas e óleos por azeite. Parecia estranho barrar o pão de manhã com manteiga de azeite, ou só mesmo azeite puro, mas até que sabe bem. Experimentem!!

São coisas que eu já tinha vindo a praticar, por livre iniciativa, por isso não me causaram grande transtorno. Agora, com mais rigor, seguirei o plano traçado e daqui a 2 meses re-avaliamos. Como o charmoso cá de casa também anda "de regime", junta-se o útil ao agradável (às vezes não muito).

Bjinho

Ps. Ontem visitei a Reitoria da UA pela segunda vez, mas ainda não consegui ver toda a gente :)
Fiquei maioritariamente retida no 1º andar. Obrigada a todas pela simpatia e carinho :) 


"Cada novo amigo que ganhamos no decorrer da vida aperfeiçoa-nos e enriquece-nos, não tanto pelo que nos dá, mas pelo que nos revela de nós mesmos."  
Miguel Unamuno, 'O Segredo da Vida'


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